A distribuição de 137 ambulâncias para municípios da base política dos deputados estaduais foi o assunto de ontem da sessão da Assembleia Legislativa. Parlamentares da bancada de Oposição e do chamado bloco independente acusaram o governo de usar a entrega dos veículos para privilegiar parlamentares de sua base de apoio no Legislativo. O líder do governo, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), rebateu afirmando que a distribuição segue critérios técnicos.

Uma lista com nomes de 33 deputados da base do governo e dos municípios de suas bases eleitorais que receberiam os veículos circulava ontem pelos corredores do Legislativo, como suposta prova da relação entre a distribuição das ambulâncias e o apoio ao Executivo nas votações da Casa. O governador Beto Richa (PSDB), que pela manhã comandou no Palácio Iguaçu a entrega dos veículos a prefeitos rebateu, contestando a veracidade do documento. Eu provo na prática que isso é mentira. Possivelmente um papel, uma planilha produzida pela oposição. Aqueles que estão incomodados com os avanços no Estado do Paraná. Prefeitos de todos os partidos, muitos prefeitos do PT sendo aqui contemplados, alegou Richa.
Na Assembleia, a discussão começou na terça-feira, quando o líder do governo acusou o deputado Marcio Pauliki (PDT) – que integra o bloco independente e votou contra o governo na discussão do reajuste salarial dos servidores públicos e das mudanças no Paraná Previdência – de tentar capitalizar para si o repasse de verbas para a saúde em Ponta Grossa, sua base eleitoral. Na ocasião, Romanelli afirmou que era normal que parlamentares que apoiavam o governo nos momentos difíceis, em votações polêmicas, fossem atendidos pelo Executivo. O parlamento tem oposição e situação, ou é preto, ou é branco. O que não dá é querer um deputado atribuir a si uma ação de governo da qual efetivamente ele só recebeu uma confirmação que o governo estava fazendo. Vossa excelência fez uma escolha: é de oposição, então arque com a escolha de ser oposição, disse o líder governista. Quem ajuda a governar, vem aqui e leva vaias, esses deputados serão sempre muito bem vindos para poder articular as políticas públicas, alegou. Em represália, deputados do bloco independente esvaziaram o plenário e derrubaram a sessão por falta de quórum.
Ontem, Romanelli retomou a questão ao admitir que teria se excedido no discurso contra Pauliki. Falei como se estivesse em um palanque. Falei com o coração o que estava pensando, reconheceu. Os critérios de distribuição das ambulâncias são técnicos, garantiu. Não há nenhuma lista de privilégio, assegurou.
Apadrinhamento – Outros parlamentares afirmaram ser normal que o governo atenda os deputados de sua base. Coloquei uma emenda (ao Orçamento) para um município que está recebendo ambulância. Não veio pela minha mão, mas veio pela mão do deputado André Bueno (PDT). O governo tem que chamar mesmo quem foi parceiro para colocar o apadrinhamento, comentou o deputado Adelino Ribeiro (PSB).
O deputado Maurício Requião Filho (PMDB) ironizou a distribuição dos veículos e o comportamento do líder do governo. Ontem o deputado Pauliki anunciou uma vitória do povo de Ponta Grossa, e tivemos chiliques e faniquitos no plenário, disse.