ESTELITA HASS CARAZZAI CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – A prisão do ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada, nesta quinta-feira (2), completa a “camarilha dos quatro” que comandava os desvios na estatal, segundo o Ministério Público Federal. Integram o grupo os ex-diretores Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Nestor Cerveró (Internacional), Renato Duque (Serviços) e Zelada (que sucedeu Cerveró na Internacional). “Era o núcleo principal das investigações e falcatruas”, afirmou o procurador Carlos Fernando de Lima à imprensa. A prisão preventiva de Zelada, na 15ª fase da Operação Lava Jato, foi motivada pela descoberta de contas milionárias do executivo no exterior, somada a informações de colaboradores que dizem que o ex-diretor participava do esquema de corrupção na estatal. Em março, cerca de 11 milhões de euros foram bloqueados em contas de Zelada em Mônaco, e outros US$ 1 milhão foram descobertos na China, transferidos daquele país em junho do ano passado -após, portanto, a deflagração da Lava Jato. “Havia um risco de continuidade delitiva da lavagem de dinheiro. Isso justificou o pedido de prisão”, diz Lima. CORRETAGEM A prisão desta quinta encerra por ora as investigações sobre os principais diretores da Petrobras suspeitos de corrupção e reforça como o esquema estava “institucionalizado” na estatal. “É mais do mesmo”, diz o delegado Igor de Paula, da PF. “Repetem-se as mesmas histórias.” Segundo Lima, Zelada recebia propina desde quando era gerente na área de Serviços, a partir de 2003. Um percentual dos contratos era cobrado como “comissionamento para a casa”. “Era como se fosse uma corretagem”, diz o procurador. Em seguida, na diretoria Internacional, onde sucedeu Cerveró, Zelada passou a receber propina, segundo as investigações, de contratos de aluguel de navios-sonda. Auditorias da própria Petrobras já indicaram irregularidades em algumas dessas operações, como desvios e superfaturamento. Suspeito de envolvimento em crimes de corrupção, fraude em licitações, desvio de verbas públicas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, Zelada foi detido em sua casa no Rio, e seguiria para a sede da PF em Curitiba, onde são sediadas as investigações da Lava Jato. Ele chega à capital paranaense ainda nesta tarde.