LEANDRO COLON, ENVIADO ESPECIAL
ATENAS, GRÉCIA (FOLHAPRESS) – O ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, virou em Atenas o símbolo da campanha a favor do “não” no plebiscito marcado para o próximo domingo (5). Os postes das principais avenidas da capital da Grécia ganharam cartazes com a foto do ministro em destaque, pedindo o voto “Oxi” (“não” em grego), ou seja, contra um acordo com os credores.
O cartaz diz ainda que o ministro alemão “bebe seu sangue” e menciona “5 anos”, em alusão aos últimos cinco anos de austeridade fiscal e crise econômica que atingem a Grécia.
Schaeuble virou vilão para os gregos que apoiam o governo do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, do partido de esquerda Syriza.
Braço-direito da chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, o ministro tem sido o porta-voz dela e de outros líderes dentro da zona do euro contra a postura da Grécia nas negociações sobre a dívida do país e os pedidos de socorro financeiro.
Outros cartazes a favor do “não” também estão sendo espalhados. Por enquanto, são raros os que pedem voto no “sim”, ou seja, a favor de uma negociação com credores.
Pesquisas divulgadas nesta quarta-feira (1º) indicam uma tendência de crescimento do “sim”, a favor de um acordo. Uma delas, do Instituto GPO, apontou 47,1% a 43,2% por aceitar as condições de socorro financeiro -os indecisos seriam 6,3% Um dado destacado pela mídia grega: 60% dos mil entrevistados afirmaram que a Grécia deveria permanecer na zona do euro.
Desde segunda-feira (29), há controle de capital, ou seja, restrições bancárias -a população pode sacar no máximo -60 euros por dia, com exceção
dos aposentados, autorizados a retirar- 120 euros.
O plebiscito foi convocado por Tsipras no fim de semana passado após o fracasso nas negociações com Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e CE (Conselho Europeu).
Os gregos vão responder se concordam ou não com a proposta feita pelos credores, que cobram compromissos fiscais em troca de continuar ajudando o país. Na terça (30), a Grécia não pagou uma dívida de -1,6 bilhão de euros com o FMI, transformando-se no primeiro país a dar calote no fundo.