MARINA DIAS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Horas após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defender que o vice-presidente Michel Temer deixe a articulação política do governo por “sabotagem do PT”, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, emitiu uma nota para tecer elogios a Temer e evitar ainda mais desgaste na coalizão governista.
Segundo Mercadante, a presença do vice-presidente na articulação política do Palácio do Planalto “representa não apenas um gesto de desprendimento e sacrifício pessoal, como vem trazendo grandes resultados na relação com o Congresso Nacional.”
Para o ministro, Temer foi importante nas votações das principais medidas do ajuste fiscal, “aprovadas com algumas adequações”, e será também na votação da desoneração da folha de pagamento, que deve ocorrer nas próximas semanas no Senado.
Nos bastidores, peemedebistas e petistas duelam para responsabilizar uns aos outros quando o governo perde votações importantes no Congresso, como foi o caso do reajuste do salário dos servidores do Judiciário, que passou no Senado na última terça-feira (30).
Auxiliares de Dilma reconheceram que o governo “cochilou” na articulação política, enquanto peemedebistas no Senado ironizavam com “cadê o Mercadante?” após a votação.
O ministro se defendeu dizendo que a articulação política não é responsabilidade da Casa Civil e que Temer “tem feito um bom trabalho”.
De acordo com Mercadante, “apesar de todos os esforços do governo, não foi possível adiar a votação” do reajuste dos servidores do Judiciário.
A presidente Dilma Rousseff deve vetar o projeto e propor uma alternativa que, segundo ministros, tenha menor impacto aos cofres públicos.

Confira abaixo a íntegra da nota de Mercadante:
“A presença do vice-presidente da República, Michel Temer, na articulação política do governo representa não apenas um gesto de desprendimento e sacrifício pessoal, como vem trazendo grandes resultados na relação com o Congresso Nacional.
As principais medidas do ajuste fiscal já foram aprovadas com algumas adequações e concluiremos a votação sobre a desoneração da folha de pagamento no Senado Federal.
Sobre a questão do reajuste dos servidores do poder Judiciário, havia uma negociação em andamento, a pedido do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, entre o Ministério do Planejamento e a Diretoria Administrativa do STF, sobre uma política específica de valorização dos servidores do Judiciário. Esse compromisso está mantido, mas terá que evoluir em articulação com o conjunto do funcionalismo público.
O governo solicitou que a decisão do Senado Federal sobre o reajuste aguardasse a conclusão dessa negociação. O Ministério do Planejamento encaminhou uma carta neste sentido, pedindo o adiamento da votação e o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, encaminhou uma correspondência reconhecendo a negociação. No entanto, apesar de todos os esforços do governo, não foi possível adiar a votação ocorrida na última terça-feira, 30, no Plenário do Senado Federal.
Temos a convicção de que será possível retomar o diálogo e a mesa de negociação, uma vez que não há espaço para um reajuste salarial com impacto fiscal de R$ 25 bilhões no atual cenário das contas públicas. Esses episódios ocorrem na vida pública e são da própria natureza do Parlamento.
A larga experiência do vice-presidente, Michel Temer, só tem contribuído para a boa gestão das finanças públicas e para superar episódios com diálogo e busca de entendimento. Tenho a certeza de que, com a competente coordenação política do vice-presidente, Michel Temer, chegaremos a um acordo com os servidores do Judiciário.”