Os gregos deram neste domingo (5) um contundente “não” às políticas de austeridade da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Com 78,69% dos votos apurados, 61,57% da população disse ser contra às exigências dos credores para liberar um novo pacote de resgate ao país, dando uma vitória maiúscula ao primeiro-ministro Alexis Tsipras, do partido de extrema-esquerda Syriza.

A consulta popular havia sido convocada por ele no último dia 26 de junho como uma cartada final para forçar a assinatura de um acordo mais vantajoso à Grécia. Agora, a partir desta segunda-feira (6), o premier terá mais musculatura para negociar um plano de reformas menos austero.

“Os gregos deram um corajoso ‘não’ a cinco anos de hipocrisia e à austeridade. O ‘não’ de hoje é um grande ‘sim’ à democracia. A partir de amanhã, a Europa começa a curar as suas feridas, as nossas feridas”, declarou o ministro das Finanças Yanis Varoufakis.

O homem que conduz as negociações sobre a dívida do país também afirmou que está pronto a colaborar com seus “parceiros” e a procurar um “ponto em comum”. Segundo ele, seu objetivo é a reestruturação do elevado débito da nação, que atualmente está ao redor de 180% do seu Produto Interno Bruto (PIB). O referendo – Cerca de 9,8 milhões de gregos foram convocados a decidir se o governo deveria aceitar ou não as exigências de seus credores para ter acesso a um programa de ajuda financeira de mais de 7 bilhões de euros.

Entre outras coisas, esse dinheiro seria usado para pagar uma parcela de 1,6 bilhão de euros de um empréstimo do FMI – uma das partes envolvidas nas tratativas – que venceu na última terça (30), colocando o país em situação de default. No entanto, as conversas foram interrompidas após o anúncio do referendo. Para liberar o montante, a Comissão Europeia, o fundo monetário e o Banco Central Europeu – a ex-Troika – cobram um amplo plano de reformas, incluindo aumento de impostos e revisão de aposentadorias. Já o primeiro-ministro pede uma reestruturação da dívida, considerada “impagável” por ele.

Com a vitória do “não”, é provável que a balança nas negociações penda um pouco mais para Atenas. Do contrário, a única solução possível para o impasse pode ser uma saída da zona do euro, retornando ao dracma, algo que teria efeitos imprevisíveis. “Faremos todos os esforços para chegar rapidamente a um acordo. Se possível, nas próximas 48 horas”, declarou o porta-voz do governo nacional, Gabriel Sakellaridis.

Nesta segunda-feira, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel – grande entusiasta das políticas de austeridade -, viajará à França para discutir com o presidente François Hollande os resultados da consulta popular na Grécia. Além disso, o G7, grupo que reúne as sete economias mais desenvolvidas do mundo e a União Europeia, já está trabalhando em um comunicado oficial sobre a vitória do “não”. (ANSA)