EDUARDO CUCOLO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A forte piora nos indicadores que medem o risco de se investir no Brasil colocou o país em desvantagem em relação a outras economias com a mesma nota de crédito no mercado internacional.
Uma das principais medidas de risco, o CDS (“credit default swap”, em inglês) para o período de cinco anos, passou de cerca de 150 pontos em meados de 2014 para 260 pontos em junho deste ano.
O CDS é um seguro contra inadimplência de um país ou empresa. O custo desse seguro é usado como medida do risco de investir em títulos emitidos por essa economia ou instituição.
O investidor que compra proteção para um título do governo brasileiro de US$ 10 milhões pagará US$ 260 mil por ano ao vendedor do CDS.
A média do custo do seguro contra inadimplência dos países com a mesma nota de crédito brasileira pela agência Moody’s está próxima de 180 pontos. São dez economias com nota Baa2, um degrau acima do mínimo exigido para ser considerado grau de investimento.
O Brasil tem o segundo maior CDS entre esses países, acima do seguro dos papéis dos governos da Bulgária, Colômbia, Casaquistão e África do Sul, por exemplo. Somente o Uruguai possui um risco maior (272 pontos).
AJUSTE FISCAL
No fim de 2010, a diferença entre o CDS do Brasil e das principais economias da América Latina era de dez pontos. Ao longo do primeiro governo Dilma, o indicador brasileiro teve comportamento pior que o de vários parceiros regionais.
A partir de 2015, essa diferença se acentuou e alcança hoje quase 150 pontos. Esse período também foi acompanhado pela piora nas expectativas para a economia.
A Moody’s divulgou em março relatório no qual indicou a possibilidade de rebaixar a nota do Brasil neste ano. Segundo a agência, questões econômicas, políticas e de insatisfação social dificultam o esforço do governo para melhorar as contas públicas e reconquistar a confiança de investidores.
Em análise sobre o risco-país, o Banco Central do Brasil destaca que a piora no indicador tem sido acompanhada, historicamente, pela desvalorização da moeda brasileira. Risco maior também significa mais custos para buscar recursos no exterior, tanto do governo como das empresas do país.