A crise econômica já reflete no número de recuperações judiciais. De acordo com a pesquisa do Serasa Experian, no primeiro semestre deste ano foram 429 pedidos de recuperação, aumento de 20% em comparação ao mesmo período do ano passado. Este é o maior registro desde que a Lei de Falências entrou em vigor, em 2005. Se continuar neste patamar, 2015 deve superar os 874 pedidos registrados em 2013 – maior índice histórico.

A falta de pontualidade de pagamentos das empresas também aumentou, registrando aumento de 10,4% em maio deste ano, em comparação com o mesmo período de 2014. Para o advogado Fernando Sperb, que atua na área de Direito Empresarial, esses índices ruins são reflexo do recuo da atividade da econômica e a constante alta da taxa de juros, que contribuem para o aumento do custo financeiro das empresas. Com a escassez de crédito, o baixo consumo e a elevação dos custos como o da energia elétrica, por exemplo, muitas empresas não conseguem sustentar as dívidas e acabam tendo que optar pela recuperação judicial, explica.

Para o advogado, o empresário precisa avaliar todas as dificuldades e fazer um planejamento bem elaborado para que a companhia possa arcar com os pagamentos e consiga se restabelecer. A recuperação vai auxiliar na prorrogação dos prazos das dívidas e aliviar o fluxo de caixa da empresa. Mas também pode ser um limitador de crédito no mercado, diminuindo os recursos para investimentos, pondera.

No entanto, ele afirma que se a recuperação for bem sucedida, a empresa pode se reerguer e voltar a operar no mercado. Para isso, a empresa deve entrar com o pedido judicial antes que o passivo seja considerado maior do que o patrimônio. Adiar o pedido de recuperação acreditando que a atividade ou o setor vai melhorar depois de alguns meses pode arrastar a empresa ainda mais para a crise, afirma.