A tenente Anahy Biancolini Nóbrega é a primeira mulher no Paraná a assumir o comando de um pelotão da Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), da Polícia Militar. Ela foi conduzida à função nesta semana, no mesmo evento de sua formatura e também da soldado Jéssika Motta Dias. As duas passaram por estágio de 98 dias e agora integram a Rotam do 20º Batalhão de Polícia Militar, pertencente ao 1º Comando Regional da PM, do qual já faz parte a soldado Marcia Falkievicz, que há 2 anos está na unidade.

A melhor palavra que eu posso dizer é orgulho, primeiro por já pertencer ao 20º BPM, que sempre que foi a minha escolha, e também por estar à frente de um dos pelotões da Rotam. Tivemos todo o apoio e nos sentimos realmente acolhidas, sem haver em nenhum momento tratamento diferente por sermos mulheres. Somos todos policiais militares e temos nossas dificuldades, independente de ser homem ou mulher, afirma.

Para a soldado Jéssika, que integrará a equipe da tenente Anahy, entrar para a Rotam é uma conquista. Foi cansativo e muito puxado, mas foram 98 dias que valeram a pena. Tenho cinco anos de polícia e desde que me formei minha vontade era vir para a Rotam. Para isso, passei antes pela Radiopatrulha (RPA). Foram quatro anos de espera e quase 100 dias de estágio até este dia chegar. Em vários momentos pensei em desistir. No último dia houve medo de não conseguir fazer a prova e ao mesmo tempo uma sensação de euforia para que tudo terminasse logo e eu pudesse conquistar este braçal tão almejado, ressalta.

De acordo com a tenente Anahy, mais do que uma conquista histórica, chegar a este posto mostra que todos podem atingir seus objetivos. A pessoa tem que correr atrás, realmente querer. Algumas coisas ficam para trás para que outras melhores venham. Acredito que a policial feminina tem que lutar para conquistar seu espaço, não apenas dentro da corporação, mas em qualquer outro lugar. Para ter reconhecimento é preciso chegar e mostrar que você é capaz, assim não existirá preconceito, lembrou.

A soldado Jéssika também destacou que o preconceito vem das pessoas de fora, pois dentro da corporação receberam todo o apoio para que concluíssem o curso. Mesmo com a entrada de muitas mulheres na corporação, o serviço operacional (nas ruas) ainda é difícil. Porém não vejo preconceito dentro da PM. É uma batalha nossa ter que mostrar todos os dias que somos capazes, acrescenta.

Esta não é a primeira vez que uma mulher faz história na família da tenente Anahy. A mãe dela, coronel Miriam Biancolini Nóbrega, foi a primeira oficial da PM. Ela ingressou na corporação em 1.977 e atualmente está na reserva remunerada. Se eu cheguei até aqui foi porque em casa eu tive muito exemplo, não por minha ser a primeira oficial, mas por todos os ensinamentos que me deu. O que os meus pais representam e a educação que me deram, independente de serem oficiais da Polícia Militar, foram os motivos pelos quais conquistei mais este objetivo na minha carreira profissional, finaliza.

Para os colegas de trabalho que acompanharam o período de estágio das duas policiais militares elas são motivo de orgulho. Já foi provado que as mulheres são tão boas quanto os homens em tudo que fazem, tanto que a comandante do nosso pelotão agora é uma mulher muito competente. Não há diferença se é um homem ou uma mulher, pois o trabalho deve ser feito da melhor maneira. Parabenizo estas policiais que conquistaram seus objetivos e desejo que tenham muito sucesso na carreira, disse o soldado Wellyngton Renato Mendes.