Há quem nem tenha programado viagens nas férias. Mais mês no fim do salário é o problema de todos. Também, até viajar pelo nosso país nem é tão barato assim (muito pelo contrário) e o clima anda fazendo das suas: enchentes no Amazonas, no Nordeste, destino preferido dos sulistas. E frio, muito frio, no Sul.

Sobrou São Paulo, a megalópole mais próxima de Curitiba. Onde tudo acontece. Para o mal e para o bem. A grande vantagem da capital paulista é a diversidade de opções.

SÃO PAULO COMO DESTINO
A maior cidade do hemisfério sul, fundada em 1554, guarda tradições e valores históricos ao lado da modernidade, que surgiu no crescimento desordenado. O lado mais antigo tem na Estação da Luz, englobando as estações ferroviárias Luz, Júlio Prestes e Sorocaba, e o Parque da Luz, suas referências importantes. Que também concentram a vida cultural, com o Museu de Arte Sacra, o maior do Brasil no gênero, a Pinacoteca do Estado e a famosa Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica, com uma das melhores acústicas do mundo.

Ainda no conjunto, destaques para o Museu do Imaginário do Povo Brasileiro e a primeira estação ferroviária da Companhia Sorocabana, a oficina Cultural Oswaldde Andrade, a sede do Departamento Histórico do Município e o imperdível memorial da língua Portuguesa, na Estação da Luz.

UM MUNDO EM UM ESTADO
São 645 municípios formando o Estado de São Paulo, uma síntese de todo o nosso país: sofisticados balneários, praias selvagens de densa vegetação, grutas, cavernas, estâncias termais, reservas ambientais e ecológicas. Além das maiores universidades do País e da América Latina, grandes centros tecnológicos nos campos espacial, aeronáutico, médico, farmacêutico, automotivo, alimentício. E os conglomerados financeiros e bolsas de valores.

Com uma população que ultrapassa a de um país como a Grécia, oferece um calendário de eventos com mais de duas mil opções ao ano, entre feiras, festas religiosas, festas folclóricas, competições esportivas internacionais, exposições, lançamentos de moda. Também por lá estão os maiores parques temáticos brasileiros e uma sofisticada rede hoteleira para atender a demanda de quem visita a cidade ou vai ao Estado a negócios.

Claro que junto da infra-estrutura estão as casas noturnas, teatros, parques, museus, galerias, shoppings, cinemas e ruas temáticas em compras ou restaurantes e bares.

JAPÃO SEM JET LAG
Tanabata Matsuri, grande Festival das Estrelas, terminou ontem (domingo) no bairro paulista da Liberdade. É quando as ruas são enfeitadas com bambu e a decoração simboliza estrelas. Pedidos são escritos em papel colorido e amarrados nos galhos de bambu, na certeza de serem atendidos. Liberdade paulista é o Japão sem jet lag, longas horas de avião. E muito dinheiro para a viagem.

O bairro é o maior reduto da comunidade japonesa em São Paulo, Estado que congrega a maior colônia japonesa do mundo fora do Japão. A presença japonesa começou na região central de São Paulo em 1912, época em que as casas tinham porões cujo aluguel era barato. Aos poucos foram surgindo hospedarias, empório, loja especializada em tofu (queijo de soja), ou manju (doce japonês).

Em 1932 a população era de dois mil japoneses vindos diretamente do Japão, ou do interior paulista, com o fim dos contratos nas fazendas. Hoje são cerca de 220 mil, 65% dos quais japoneses, junto com coreanos do sul e chineses. Um bairro oriental, com todos os sabores, aromas, coloridos de uma viagem.

O que o turista vai encontrar é todo um clima especial nas lojas, restaurantes, karaokês, bares orientais, e muitas manifestações culturais na Praça da Liberdade, palco das danças folclóricas bon odori, e ruas decoradas com lanternas suzurantô. Aos domingos, barracas de comida típica e artesanato ocupam a Praça da Liberdade, onde também acontece uma sessão diária de ginástica.

Além da Tanabata Matsuri, as grandes festas e festivais continuam em dezembro, com o Festival Oriental – Toyo Matsuri – com manifestações tradicionais do oriente, quando as ruas do bairro são enfeitadas com o Nobori, bandeiras verticais coloridas. Também em dezembro, o Moti Tsuki, Festival de Final de Ano, quando são distribuídos os bolinhos de arroz – moti – para dar sorte, no dia 31 de dezembro.

Janeiro inicia as comemorações do Ano Novo Chinês. Abril tem ponto alto no Hanamatsuri, Festival das Flores, em conjunto com a Federação das Seitas Budistas. Junho é tempo do Festival de Sumô, com atletas de todo o país. A dohyo (arena) e as arquibancadas são montadas em plena Praça da Liberdade.

Na hora das compras, vá direto à Galvão Bueno, onde estão mercados tradicionais como o Marukai. Mas é na Lojas Oscar que o turista vai encontrar louças, bandejas, utensílios de cozinha. Para quem entende , a Revistaria e Livraria Sol tem tudo: mas é em japonês. Na hora da fome, é só procurar a na rua dos Estudantes a Pastel Yoka, considerada a melhor de São Paulo. Perto dela, a padaria Bakery. E nem se espante se encontrar um anúncio assim: Makudonarudo Hanbàgà. É do hambúrguer…

Na Azuki-ya ficam as porcelanas tradicionais japonesas, os jogos de chá, as cerâmicas, os copinhos de sakê, as panelas de arroz, além dos temperos da terra do sol-nascente. E até cosméticos. Procurando quimonos ou facas para sushi? Na rua dos Estudantes a Tenman-ya resolve o problema. Mas se o desejo de consumo for aquela banheira de madeira, que já bem com aquecimento e deck, o endereço é a Ofurô Zenigame. E todos os tipos de aparelhos para massagens, na Yamaguchi Zen.

RESTAURANTES
São mais de 40 países de 5 continentes representados no roteiro gastronômico da capital paulista. Pizza, feijoada, virado à paulista, restaurantes árabes, alemães, coreanos, escandinavos, franceses, italianos, marroquinos, portugueses, russos, suíços, armênios, chineses, vietnamitas, indianos, gregos nos Jardins, Itaim, Moema, Bela Vista, Vila Madalena.

Frutos do mar, carnes, vegetarianos, fast-foods, culinária contemporânea. Indispensável passar no Mercado Municipal, templo de todas as frutas e verduras, carnes, embutidos, queijos, temperos. E os famosos sanduíches e pastéis, que fazem muita gente viajar.

VIAGENS INTERNACIONAIS PAULISTAS
Nova Zelândia paulista fica no centro do Estado, terra do turismo de aventura e prática de esportes radicais em corredeiras e cachoeiras. Rapel, rafting, bóia cross são os esportes mais procurados na cidade de Brotas, a 661 metros de altitude, clima tropical e temperatura anual de 22º C. Coisas que acontecem também nos municípios limítrofes de Itirapina, São Pedro, Torrinha, Dois Córregos. Com melhor infra estrutura, São Carlos, Piracicaba, Rio Claro e Jaú.

A distância de São Paulo para Brotas é de 242 quilômetros, pelas rodovias Bandeirantes ou Anhanguera, Washington Luis. São destaques as pousadas e os nove campings com piscina, playground, cozinha. Nos bons restaurantes, o forte é o peixe de água doce e as carnes. Parque dos Saltos, Cachoeiras, festas religiosas e folclóricas são atrações e campeonatos de esportes de aventuras acontecem durante todo o ano.

Mississipi paulista fica ao longos dos trechos navegáveis dos rios Tietê e Paraná. São 85 municípios, com 10% da população do Estado, situados às margens dos 1.040 quilômetros navegáveis dos rios. Esportes náuticos, estâncias hidrominerais, caminhadas por áreas preservadas, pesca e turismo rural nas cidades de Bauru, Andradina, Barra Bonita, Igaraçu do Tietê, Ibitinga, Botucatu,Novo Horizonte, Lins, Ilha Solteira, Santa Fé do Sul, Piracicaba, Pereira Barreto são bases para iniciar a exploração da região.

Texas em São Paulo está representado pelas Festas do Peão de Rodeio e Boiadeiro, no Norte do Estado, que surgiram nos locais de doma de cavalos das fazendas no início do século dezenove. Hoje as festas obedecem um calendário durante o ano, realizadas em quase todas as cidades. A Grande Festa do Peão Boiadeiro de Barretos acontece em agosto, durante 10 dias, transformando a cidade de pouco mais de 100 mil habitantes na maior cidade country do planeta.

Grand Canyon fica no sul do Estado, no Vale do Ribeira, uma das áreas verdes melhor conservadas no Brasil. São dezenas de quilômetros de praias selvagens, áreas de proteção ambiental, cachoeiras, cavernas, reservas florestais. A Unesco considerou a região como reserva da biosfera pela riqueza da fauna e flora. Petar, Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, é o que contém o maior número de cavernas do País. A mais famosa é a Caverna do Diabo, na estrada de Iporanga, Parque Estadual de Jacupiranga. A caverna fica em um dos pontos mais elevados da Serra do André Lopes. Também no Petar, a Caverna Santana, com banhos de piscinas naturais nas proximidades e visitas monitoradas por guias. Abriga a Casa de Pera, um pórtico natural de 170 metros de altura. Outras 120 cavernas estão no local, algumas descobertas recentemente.

Para esportes radicais pelo Vale do Ribeira, visita às cavernas, trilhas, basta ir até Registro, Eldorado e Iporanga.

Holanda paulista tem apenas 10 mil habitantes em uma área de 65 quilômetros. É a Holambra, com casas típicas, tapetes de flores, festas e tradições do país de Rembrandt em pleno São Paulo. As flores são a base da economia local, ocupando lugar importante nas exportações do Brasil. Em setembro, anualmente acontece a Expoflora, a mais festa das flores da América do Sul, uma grandiosa festa típica holandesa, vitrina dos diversos produtos comercializados em Holambra.

Junho tem a Hortitec, exposição técnica de horticultura destinada a profissionais. Os floristas marcam encontro no Enflor, Encontro Nacional dos Floristas. Cidade das Flores, Holambra é atração turística o ano inteiro, com bons restaurantes, hotéis, incluindo um hotel-fazenda, docerias, lojas de artesanato.

Suíça fica entre São Paulo e Rio de Janeiro, ao longo de 132 quilômetros dos 429 que compõem a Via Dura, rodovia que liga os dois estados. Uma das regiões mais ricas de São Paulo, o chamado Vale do Paraiba, que engloba as cidades da Serra da Mantiqueira, e do Litoral Norte. São 38 municípios com uma população de mais de 4 milhões de habitantes.

No centro do turismo da região, Campos do Jordão, com clima de quatro estações bem definidas, permitindo o turismo durante o ano todo. No inverno – neste mês de julho – o Festival de Inverno atrai visitantes do Brasil e do exterior para as apresentações de concertistas famosos, também professores nas oficinas de música. Neste ano, com tanta falta do dinheiro que deveria ser do povo, alguns eventos foram cancelados.

Mas nada tira o brilho da cidade na Serra da Mantiqueira, com seus 1.700 metros de altitude e uma excelente infra-estrutura hoteleira, desde a categoria luxo até pousadas confortáveis e mais simples, além de colônias de férias e campings. Os restaurantes são de categoria internacional e as pensões servem a boa culinária caseira. Nos shoppings e comércio local, dá para comprar desde o carro importado e as roupas de grifes famosas, até as quentinhas roupas e acessórios tricotados à mão. A arquitetura tem estilo alpino, com chalés, balcões floridos, telhados inclinados. É a Suíça Brasileira pertinho de todos.