AGUIRRE TALENTO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-ministro da CGU (Controladoria-Geral da União) Jorge Hage afirmou nesta terça-feira (7) que Jorge Zelada e Renato Duque, ex-diretores da Petrobras que estão presos pela Operação Lava Jato, fizeram uma viagem não-oficial à Argentina em companhia do acusado de ser o operador de propina da SBM Offshore, Julio Faerman. Em depoimento à CPI da Petrobras, Hage também revelou detalhes da investigação do órgão sobre o pagamento de propina pela SBM. Faerman era o representante da empresa holandesa no Brasil. As investigações da Operação Lava Jato apontam que ele era o responsável por pagar propina a funcionários da Petrobras. Segundo Hage, a CGU confirmou junto à Polícia Federal e às companhias aéreas que Zelada, Duque e José Orlando Azevedo -ex-presidente da Petrobras America e primo do ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli- viajaram informalmente com Faerman e um sócio dele à Argentina. O ex-ministro não informou a data nem detalhes do roteiro ou das atividades, mas disse que não foi uma viagem oficial de trabalho da Petrobras. No caso de Zelada, a controladoria também detectou que houve vazamento de documentos sigilosos da estatal à SBM obtidos por meio do uso da senha do ex-diretor. Zelada e Duque são investigados na Lava Jato pela suspeita de participarem do esquema de corrupção na estatal. ALVOS Com base nessas investigações, a CGU abriu processos punitivos contra esses três ex-dirigentes e outros ex-funcionários da Petrobras. Hage revelou à CPI pela primeira vez o nome de alguns dos alvos dos processos da CGU. De acordo com o órgão, esses processos ainda estão em andamento. Outros três alvos de processos no caso SBM, segundo Hage, são o ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró (que está preso), José Augusto Salgado da Silva e José Eduardo Loureiro, ex-gerente do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). Procurada, a CGU disse que não poderia informar os nomes dos demais alvos de processo porque correm em sigilo. De acordo com Hage, que não explicou individualmente a acusação contra cada um, as suspeitas são de enriquecimento ilícito, patrimônio incompatível com a renda, transações imobiliários suspeitas, parentes empregados na SBM ou em empresas relacionadas, vazamento de informações confidenciais e recebimento de propina. A reportagem ainda não obteve contato com os citados como alvos dos processos. Duque, Cerveró e Zelada têm negado relação com corrupção na Petrobras. JONATHAN TAYLOR Hage foi convocado à CPI para rebater denúncia de um ex-funcionário da SBM, Jonathan Taylor, que em entrevista à Folha de S.Paulo acusou a CGU de ter atrasado as investigações sobre o caso da SBM para não prejudicar a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Isso porque o processo de responsabilização contra a SBM só foi aberto em novembro, após o segundo turno da eleição. O ex-ministro afirmou que o processo investigativo preliminar foi aberto ainda em abril de 2014 -repetindo informação que a CGU havia divulgado anteriormente e deu exemplos das notícias divulgadas na imprensa durante todo esse período, até as eleições, referindo-se à investigação da CGU. Explicou também o andamento da investigação da CGU, dizendo que o órgão levantou documentos de contratos, viagens, informações patrimoniais junto à Receita Federal, dentre outros elementos. Segundo Hage, a investigação preliminar durou sete meses, tempo que ele considerou rápido. “Não é verdade que a CGU só tomou providências em 12 de novembro. As providências apuratórias tiveram início em fevereiro”, disse Hage.