FERNANDA GODOY
ATENAS, GRÉCIA (FOLHAPRESS) – O governo da Grécia frustrou os credores ao comparecer nesta terça (7) à reunião de emergência do Eurogrupo em Bruxelas sem uma proposta concreta para retomar as negociações interrompidas no último dia 27.
Na segunda (6), o premiê grego Alexis Tsipras havia telefonado para a chanceler alemã, Angela Merkel, e lhe dito que apresentaria uma proposta nesta terça.
A reunião do Eurogrupo foi convocada após o resultado do plebiscito de domingo (5), no qual 61% dos gregos disseram “não” a uma proposta de austeridade fiscal que incluía aumento de impostos e reforma da Previdência.
Essa proposta já não está mais na mesa, e diversos líderes europeus deixaram claro que a bola agora está no campo da Grécia.
À noite, os chefes de Estado e de governo dos 19 países que compõem o Eurogrupo (e que adotam o euro como moeda) se reunirão novamente para ouvir Tsipras.
O chefe do governo grego marcou um pronunciamento no Parlamento Europeu para a manhã desta quarta-feira (8).
Os ministros de Finanças do Eurogrupo se reuniram a partir das 13h (8h em Brasília) e saíram sem conhecer as intenções do novo ministro grego, Euclides Tsakalotos, que tomou posse nesta segunda.
Tsakalotos era o chefe da equipe de negociadores da dívida grega e substituiu Yanis Varoufakis, que pediu demissão após o plebiscito.
A expectativa na União Europeia é a de que o governo Tsipras apresente propostas “sérias” e “confiáveis” para um terceiro programa de resgate da economia de seu país o mais rapidamente possível.
O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, disse que a permanência ou não da Grécia na zona do euro vai depender do que o governo Tsipras oferecer. Segundo ele, sem um programa de reformas “não há possibilidade de ajudar a Grécia dentro do marco da zona do euro”.
O vice-presidente para o euro da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, disse que “se a confiança não for reconstruída, se não houver um programa com credibilidade”, a saída da Grécia da zona do euro não está descartada.
A saída da Grécia, apelidada de “grexit”, uma combinação do nome do país com a “exit” (saída em inglês), ainda continua sendo rejeitada por dirigentes de outros países do grupo.
O ministro da Economia da Espanha, Luis de Guindos, disse que a saída da Grécia da zona do euro “não é uma solução desejada por ninguém”. De Guindos afirmou que é urgente um acordo, mas que pré-condições têm que ser respeitadas, referindo-se a um compromisso do governo grego com um programa de austeridade fiscal.
A Grécia adotou controle de capitais na semana passada. Desde 29 de junho, cada grego só tem direito a sacar 60 euros nos caixas automáticos. O feriado bancário foi estendido pelo menos até quinta-feira (9) e os gregos não sabem quando o dinheiro pode acabar.
Na noite desta segunda (6), o Banco Central Europeu se negou a estender a assistência emergencial de liquidez aos bancos gregos.