AGUIRRE TALENTO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), Antonio Gustavo Rodrigues, afirmou nesta terça-feira (7) à CPI da Petrobras que os bancos não foram coniventes com as operações de lavagem de dinheiro investigadas na Operação Lava Jato e que “o sistema funcionou” ao detectar as movimentações suspeitas.
“Não vi nada que insinuasse uma conivência de um banco com um processo. Pode ter havido falha administrativa? Pode, mas não impediu que a situação pudesse ser identificada”, declarou Rodrigues.
“O sistema detectou as operações [suspeitas]. Ele vai funcionar naquilo que é suspeito. O sistema funcionou. Se não comunicou alguma coisa [aos órgãos responsáveis], cabe ao Banco Central fiscalizar e aplicar uma multa.”
Os bancos são obrigados a informar ao Coaf sobre movimentações financeiras atípicas, o que ajuda a detectar casos suspeitos.
Nas investigações da Lava Jato, as instituições financeiras foram alvo de críticas por terem permitido as operações.
Por exemplo: um assistente da doleira Nelma Kodama, Luccas Pace Junior, disse à Justiça Federal que bancos ajudavam-na a fazer operações com recursos de origem ilícita. Ele relatou que os bancos aceitam operações de empresas “que não têm sede, não têm funcionários” e movimentam num dia o que era esperado para o mês.
Em outro ponto da investigação, o Ministério Público Federal apontou que dois bancos omitiram a identidade dos autores de depósitos em contas de uma empresa de fachada do doleiro Alberto Youssef.
O deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB-BA) questionou Rodrigues sobre a realização de cerca de 1.900 importações fictícias pela empresa Labogen, ligada ao doleiro Alberto Youssef, feitas com o objetivo de lavar dinheiro. O tucano apontou o caso como um exemplo de que o sistema não estava funcionando.
“O sistema funcionou exatamente porque essas pessoas foram identificadas e investigadas pela polícia. Não é o controle das importações que asseguraria que essas coisas não acontecessem”, respondeu Rodrigues.
Ele afirmou ser contrário à imposição de regras mais rígidas, porque tornaria mais difícil a vida de empresários e cidadãos que fazem operações lícitas, prejudicando a economia.