GRACILIANO ROCHA, BELA MEGALE E FLÁVIO FERREIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O juiz Sergio Moro deu prazo de seis dias para que a defesa do ex-executivo da Odebrecht Rogério Araújo se manifeste sobre os 135 telefonemas trocados por ele e Bernardo Schiller Freiburghaus, suspeito de ser o responsável pela distribuição de dinheiro em contas secretas de ex-diretores da Petrobras.
Titular das ações penais da Operação Lava Jato, Moro escreveu, em despacho desta terça-feira (7), que fixou o prazo de 13 de julho para que os advogados dos executivos da Odebrecht se manifestem antes do juiz decidir sobre o pedido de renovação da prisão preventiva formulado pelo Ministério Público Federal. O novo pedido de prisão inclui também o presidente da companhia, Marcelo Odebrecht.
Araújo anunciou seu desligamento da empresa após ser preso na fase Erga Omnes da Lava Jato. Os procuradores da Operação Lava Jato encontraram 135 ligações entre ele e Freiburghaus entre julho de 2010 e fevereiro de 2013.
Ao cruzar os telefonemas com os extratos bancários da conta do ex-dirigente da estatal, os procuradores relacionaram 15 conversas pelo celular dos dois com 22 transferências para Paulo Roberto Costa. Segundo a Procuradoria, a distribuição do dinheiro ocorria em, no máximo, oito dias após cada ligação.
As transferências somaram US$ 5,6 milhões entre março de 2011 e novembro de 2012 e tiveram como origem contas em paraísos fiscais (Suíça, Luxemburgo, Ilhas Cayman, Bahamas e Hong Kong).
Para a Procuradoria, o cruzamento entre telefonemas e transferências corrobora a delação de Paulo Roberto Costa, que afirmou ter recebido US$ 23 milhões no exterior. Ele disse que a maior parte veio da Odebrecht -a empresa nega.
No mesmo despacho, o juiz Moro também pediu para a defesa de outro executivo da Odebrecht, Márcio Faria, para explicar se ele remeteu ou não, ao exterior, cerca de R$ 11 milhões após a deflagração da Operação Lava Jato.
OUTRO LADO
Por meio de nota, a Odebrecht voltou a dizer que “desconhece completamente os fatos e o teor dos supostos telefonemas apontados e mais uma vez questiona o vazamento seletivo de informações, vício que compromete o exercício do direito de defesa”.
A construtora também afirmou que responderá “ao despacho no momento oportuno”.
A advogada de Bernardo Freiburghaus, Fernanda Silva Telles, foi procurada, mas não quis dar entrevista.