São nove horas da manhã de uma segunda-feira. O zum zum zum dos carros, as costumeiras discussões no trânsito e a pressa de muita gente para chegar logo ao trabalho parece destoar do ambiente calmo e tranquilo de um evento que está prestes a começar. Num casarão antigo, no centro de Curitiba, tombado pelo patrimônio histórico, um grupo de aproximadamente trinta pessoas aguarda o início de uma palestra sobre voluntariado.

São jovens e adultos que resolveram encaixar em suas atividades, um tempo para conhecer as tantas áreas de atuação disponíveis para o bem coletivo. A palestra O que é ser voluntário fala sobre a Lei do Voluntariado e traz noções de cidadania, solidariedade, direitos e responsabilidades para quem quer doar parte do seu tempo para o outro.

Ministrado por Diógenes Justechechen, que atua como facilitador do ciclo, o evento é realizado pelo Centro de Ação Voluntária de Curitiba (CAV). O Centro prepara e incentiva o interessado em se comprometer com alguma ação que beneficie quem precisa de ajuda. 

Empurrãozinho esse que foi muito bem-vindo na vida de Elias Brawerman. O ex-coronel do exército passou dias difíceis depois de encerrar a carreira, há 13 anos. A falta do que fazer, somado ao sentimento de pouca utilidade, fazia com que eu me sentisse um pouco perdido, conta Brawerman.

Por sugestão dos filhos, ele procurou o CAV onde atua até hoje, organizando a parte de estatísticas do Centro. A trajetória do aposentado no voluntariado é longa e passou por diversas áreas, como o atendimento aos futuros voluntários e aulas de reforço escolar numa instituição próxima a sua casa. Por meio dessas atividades descobri outros valores e consegui identificar um novo sentido de seguir em frente, diz.

A analista de projeto do CAV, Lourdinha Drabik, lembra que o Centro também oferece consultoria a empresas que queiram incentivar a prática voluntária entre seus colaboradores. A estrutura do CAV é mantida pela captação de recursos obtidos por esse trabalho com as empresas. Incorporar novas ideias e valores ao ambiente empresarial oferece, inclusive, um rendimento muito mais significativo por parte dos funcionários, já que é instigado a realização de práticas que reforcem a ideia de transformação social, destaca Lourdinha.