SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Ministério Público do Paraná encaminhou ao procurador-geral de Justiça do Estado trechos de um depoimento de delação premiada de um auditor que afirma que dinheiro de propina abasteceu a campanha da reeleição do governador Beto Richa (PSDB) em 2014.

No final de junho, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) denunciou 125 pessoas suspeitas de envolvimento em um esquema na Receita Estadual do Paraná que cobrava propina de empresários para abater ou anular dívidas.

As informações foram encaminhadas ao procurador-geral, que comanda o Ministério Público do Estado, porque Richa tem foro privilegiado e não pode ser investigado pelo Gaeco. Cabe ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) processar e julgar governadores. O deputado estadual Tiago Amaral (PSB) também foi acusado pelo delator de favorecimento no esquema.

Em delação premiada, o auditor Luiz Antônio de Souza, um dos denunciados, declarou que R$ 4,3 milhões provenientes do esquema foram para a campanha de Richa no ano passado. O governador e o PSDB negam.

Entre os denunciados, há auditores fiscais, empresários, advogados e contadores. Primo distante de Richa, o empresário Luiz Abi Antoun, 59, é apontado pelo Ministério Público como figura central do esquema.

“A associação dos auditores fiscais mencionados contou com a proteção política do também denunciado Luiz Abi Antoun, que detinha fundamental papel nesta organização criminosa”, diz trecho da denúncia. “Luiz Abi Antoun exercia importante atuação nos bastidores da política estadual paranaense, especialmente porque sua crescente influência política decorria da manutenção de vínculo pessoal e de parentesco com o governador do Estado do Paraná eleito no ano de 2010, o que conferia a Luiz Abi Antoun incomum atuação nos bastidores do poder”, afirmam os promotores na denúncia.

De acordo com a Promotoria, o esquema funcionava havia pelo menos 30 anos e movimentava R$ 50 milhões anuais apenas em propina. O governador ordenou que fosse feita uma investigação própria pela Secretaria de Estado da Fazenda na Receita Estadual. Em junho, Richa teve negado pedido para que a investigação do caso fosse suspensa na Justiça do Paraná e encaminhada ao STJ. O deputado Tiago Amaral nega que tenha intermediado “negociações ilícitas” ou levado propina a auditores da Receita.