Muito além dos sertões e da seca, do cangaço, da violência e da pobreza. Berço de gente como Ariano Suassuna, Augusto dos Anjos, José Lins do Rego, José Americo e um dos mais importantes empresários de comunicação do país, Assis Chateaubriand, a Paraíba esconde belezas que certamente seriam capazes de invejar e inspirar um poeta como Pablo Neruda, além de guardar historias dignas de um livro de Eduardo Galeano.
A convite do Mussulo Resort, do grupo Mantra, o Bem Paraná teve a oportunidade de explorar e desvendar um pouco da Paraíba. O empreendimento (o primeiro do grupo no Brasil, funcionando desde 2009) fica no topo de uma colina à altura da praia de Tabatinga, 20 quilômetros ao sul de João Pessoa, no município do Conde, no litoral sul, onde há uma impressionante (e surpreendente) mistura entre o urbano e o selvagem.
Verdade seja dita, o resort por si só já é uma atração à parte. Em uma área de aproximadamente 96 mil metros quadrados, o Mussulo reúne 102 bangalôes com estrutura completa para descanso e lazer para toda a família, o que inclui: um complexo aquático, com duas piscinas para adultos e uma para crianças, playground, duas quadras de tênis com piso de saibro, quadra poliesportiva, salão de jogos e quadra de volei, além de Kid´s Club com equipe de recreação especializada para entreter as crianças.
Embora não fique à beira do mar, o resort conta com um clube de praia em Tabatinga. Uma van faz o transporte dos hóspedes durante todo o dia, a qualquer momento, em uma viagem que não leva nem 10 minutos. Foi por lá que começamos o passeio, sendo recepcionados pela chuva (tão conhecida dos curitibanos, ainda mais nesta época do ano). A surpresa foi grande, mas logo o guia de turismo Roberto Tiba Sá Lima alertou: É a famosa chuva psicológica paraibana.
Apesar do clima curitibano, foi possível apreciar Tabatinga tomando uma água de coco. Ali, a praia é interrompida por um maceió e fica perto de outros lugares impressionantes. A cerca de 15 minutos, para a esquerda, fica Carapibus, onde se formam piscinas naturais na maré baixa (quando o mar está calmo). Para a direita, lindas falésias.
Após a chuva psicológica se despedir, partimos para a Barra do Gramame, onde fica uma vila de pescadores. Ali as construções são, em sua maioria, feitas com uma espécie de palha ou então de barro. Por motivos ambientais, não chega energia elétrica até a região.
A praia é dividida em duas partes pelo Rio Gramame. De um lado, o rio deságua no mar. Do outro, permanece sereno, criando um nítido contraste. O lado da água calma também é uma metamorfose ambulante, com a piscina natural ganhando novos formatos constantemente. Falésias e um banco de areia, entre o mar manso e as fortes ondas, completam o visual.
Além da tranquilidade e da beleza natural, Gramame tem ainda uma outra atração: o guiamum do Zezinho. Dono do bar que leva seu nome, o homem adestra caranguejos, sendo que todos levam o nome de Robocop (o da foto é o Robocop IV). Porque está sempre renascendo, conta o adestrador, explicando ainda qual o seu segredo para o bom relacionamento com os caranguejos. Ou adestra, ou vai para panela.
O mais interessante em termo de exotismo, porém, ainda estava por vir. É que a praia de Tambaba, a mais conhecida da região, virou refúgio de naturistas, que aproveitam o local cercado por rochas para ficarem expostos sem serem incomodados e sem incomodar. O local, inclusive, foi a primeira praia oficial de nudismo do Nordeste, criada em 1991. Teve de enfrentar a resistência dos evangélicos, mas com o apoio do prefeito Aluísio Régis resistiu e hoje recebe turistas de todo o mundo. Lá, por exemplo, é realizado o Open Surf Naturista, em setembro, e o Tambaba Fest, em outubro.
O local, porém, tem regras. Homem só pode entrar acompanhado de outra mulher. Também não é permitido ficar animado. Portanto, o recomendado é passar alguns minutos na água, para passar a primeira impressão. Também é proibido tirar fotos e fazer filmagens naquele trecho da praia.
Os atrativos de Tambaba, porém, não param por aí. A região conta ainda com mata preservada, falésias lindíssimas e multicoloridas (para quem gosta de tirar selfies para postar nas redes sociais é o lugar perfeito) e uma outra praia, que fica ao lado da dos naturistas, onde banhistas regulares encontram algumas piscinas naturais, pedras e o Portal da Jurema, um lugar muito bonito e com uma historia muito curiosa (que irei contar em outro momento).
Para encerrar o primeiro dia de passeio pelo paraíso paraibano, uma visita ao restaurante Canyon, na Praia de Coqueirinho, para experimentar um pouco das delícias nordestinas. A praia é o local perfeito para books, e ao lado do restaurante fica um belíssimo canyon (confira o vídeo). Para se empanturrar, recomendo o prato Sinfonia Marítima (foto abaixo) e a cocada na quenga, a melhor que já experimentei.
