O melhor marketing para encher estádios é a vitória. Tão básico quanto difícil realizar este modelo de gestão, pois o futebol não é um esporte de ciência exata. Oitenmta e cinco mil no Maracanã, 41 mil na Arena Pernambuco, 36 mil na Arena Corinthians, 38 mil na Arena Palmeiras, somando um número interessante: 26.389 pessoas, média de público desta 14ª rodada. Vale lembrar que os clubes que estão fazendo esta média são os clubes que estão vencendo jogos. Destaque para o Palmeiras, que não sabe o que é uma derrota há sete jogos.

Uma prova de que teto retrátil é bem legal, mas não enche estádio? no domingo Atlético Paranaense venceu a Chapecoense por 1 a 0, neste novo horário das 11 da manhã, levando quase 18 mil torcedores. Eu acredito que o teto é, sim, um baita investimento e deve surtir efeito lucrativo assim que o mercado de shows e eventos descobrir a novidade. Não estou criticando a obra. Mas tenho certeza que, se o Atlético viesse de uma bela sequência, na Arena teriam mais torcedores e mesmo sem teto. Aliás, o domingo na Arena foi de belo sol e temperatura agradável. Enfim, o Atlético se recuperou no Campeonato. Agora tem uma missão fora, contra outro catarinense, o Avaí. Pode ter certeza, com uma vitória fora de casa, o torcedor também volta a se empolgar e vai lotar a Arena da Baixada.

Acabou o caô… ou joga por amor, ou joga por terror. A frase pichada no Couto Pereira é um protesto que alguns torcedores fizeram para intimidar o elenco e ver se a coisa anda. Um amigo sarrista me disse: Agora vai! Assisti ao jogo contra o Figueirense e posso dizer que o time não jogou tão mal, o Ney Franco vai tentando tirar água de pedra, sete jogadores residem no Departamento Médico, a zaga finalmente passou um jogo sem tomar gol. Um problema sério é fazer gols… o ataque está uma lástima, sem um centroavante fazedor de gols desde que Joel foi para o Cruzeiro ser um mero reserva.
Raphael Lucas é pedra bruta sedo lapidada e é seu primeiro Brasileirão. Ele não pode ser o único homem gol e a solução dos problemas do time. Marcos Aurélio estava sem pontaria, Gualhardo também, Lúcio Flávio, enfim… quando a fase é ruim, a bola fica pesada, não entra, é fogo! Mas o time hoje até nem está tão ruim quanto a ideia de pichar o estádio. A frase é uma ameaça e, se eu fosse um dirigente, mandava investigar, ver câmera de segurança e processava financeiramente e moralmente os autores. Não concordo com ameaças, não compartilho com depredação do patrimônio, não é certo. Eu vou até sugerir um protesto mais inteligente aos torcedores que querem fazer seu alarde: ficar de costas para o jogo, colocar a faixa da torcida de ponta-cabeça, chamar os amigos e ir gritar contra o time na arquibancada, parar de pagar o plano de sócio, deixar de ir ao estádio (muitos já estão fazendo), ir aos treinos e perguntar aos dirigentes por que eles não sabem contratar jogadores, tentar ajudar (quase ninguém faz).

Há alguns dias eu fiz um comentário sobre a má atuação de um grupo de torcedores que ofenderam Rafael Sobis (jogando agora no Tigres contra o Inter no Beira-Rio) e um (ilustre) torcedor me disse que o torcedor paga ingresso, plano de sócio e sustenta o futebol, por isso tem o direito de agir assim. Desculpem-me os passionais, mas eu não concordo. Prefiro sonhar com a torcida que paga e sustenta o futebol, se comportando como fez a torcida do Chelsea, que em pé aplaudiu a saída de campo pela última vez de Steven Gerrad, do Liverpool, em pleno Standford Bridge.

Mauro Mueller é apresentador do Show de Bola da Rede Massa, radialista e ator