Nos últimos anos, sempre ouvimos notícias de que bilhões de reais foram desviados dos cofres públicos e que o orçamento de um governo ou de uma Assembleia Legislativa é de vários bilhões. Perguntei então para algumas pessoas se elas têm noção de quanto representa R$ 1 bilhão.
A Mega Sena acumulada de R$ 50 milhões já é uma bolada nada desprezível, tanto que muitas pessoas chegam a fazer fila nas lotéricas para apostar e traçar planos para gastar R$ 1, 10 ou 50 milhões. Mas e R$ 1 bilhão, será que as pessoas conseguem imaginar quanto é esse montante?
Bem, vamos para a prática: se com R$ 50 mil você compra um carro novo, com R$ 1 milhão você pode comprar 20 carros e com R$ 1 bilhão, 20 mil carros. Um carro tem cerca de quatro metros de comprimento, se enfileirarmos 20 carros ocuparemos uma quadra inteira, ou 80 metros. Se enfileirarmos 20 mil carros, ocuparemos uma estrada de 80 km, a distância aproximada entre Curitiba e Ponta Grossa.
O orçamento da Prefeitura de Curitiba é de R$ 7 bilhões por ano – R$ 28 bilhões em quatro anos, que consiste no período de cada mandato. Se o prefeito, com algum esforço, economizasse 2% desse montante, seriam R$ 140 milhões por ano, ou R$ 560 milhões nos quatro anos.
Já o orçamento do estado do Paraná é de R$ 50 bilhões por ano – R$ 200 bilhões em quatro anos. No nosso caso, R$ 400 bilhões, pois nosso governador já está no segundo mandato. Com o mesmo raciocínio de economizar 2%, teríamos R$ 1 bilhão por ano, ou R$ 8 bilhões em oito anos para investimento.
Em qualquer empresa, um gestor que não consegue economizar 2% para investimento é demitido no logo no período de experiência. Os políticos, depois de eleitos, têm quatro anos de experiência e, muitas vezes, renovamos o ‘contrato’, mesmo com eles gastando tantos bilhões.
Com os R$ 19 bilhões que a Polícia Federal estima que foram desviados somente da Petrobras, daria para comprar 380 mil carros, que enfileirados formariam uma fila de 1.520 km.
Pergunte ao Google quanto é o orçamento do seu município e verá que são muitos os milhões. O fato é que, em tempos de bilhões, para os brasileiros médios que trabalham 30 dias para ganhar R$ 2 ou 3 mil, são cifras inimagináveis.
Mais do que imaginar, precisamos ter clareza que esses bilhões todos são administrados e desperdiçados por pessoas que elegemos, e o critério para dar nosso voto muitas vezes é se é bonito, aparece na TV, ou se algum conhecido pede o voto.
Pagamos muitos impostos que juntos se tornam os bilhões que damos para os políticos administrarem. E, como é dinheiro dos “outros” – ou melhor, o nosso – eles nem precisam de competência para tal.

Ademar Batista Pereira é educador, diretor da FENEP e secretário de administração do Partido Verde (PV/PR)