SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos EUA, Barack Obama, criticou abertamente os pré-candidatos republicanos à Casa Branca em conversa com jornalistas nesta segunda (27), qualificando as críticas do partido ao acordo nuclear com o Irã de “ridículas, se não fossem tão tristes”.
“[As críticas ao acordo nuclear] talvez sejam para chamar a atenção, ou talvez apenas para tirar Trump das manchetes, mas não é o tipo de liderança de que a América precisa agora”, afirmou o presidente em entrevista conjunta com o premiê da Etiópia, Hailemariam Desalegn, na capital Addis Ababa.
A fala do mandatário foi, até o momento, seu comentário mais direto sobre a sucessão presidencial que vai escolher o seu sucessor, chegando a citar nominalmente, além de Donald Trump, o ex-governador do Arkansas Mike Huckabee. Anteriormente, Obama evitava citar o nome dos pré-candidatos republicanos envolvidos na disputa.
O presidente ainda trouxe à tona outros comentários de republicanos críticos à sua administração: “Tivemos um senador chamando [o secretário de Estado] John Kerry de Pôncio Pilatos. Tivemos um senador que também concorre à Presidência sugerindo que sou o principal promotor do terrorismo. Estes são os líderes do Partido Republicano”, afirmou, referindo-se, respectivamente, a Tom Cotton e Ted Cruz.
Donald Trump, que lidera as pesquisas de intenção de voto entre os republicanos, também não foi poupado: “Quando ele fez comentários que questionaram o heroísmo de [John] McCain, alguém que suportou tortura e teve uma conduta de extremo patriotismo, o Partido Republicano fica chocado. Ainda assim, isso emerge de uma cultura na qual esse tipo de ataque se tornou lugar comum”.
O bilionário, que tem se notabilizado em sua campanha por frases polêmicas, havia desqualificado o ex-senador, que chegou a concorrer com Obama à Casa Branca em 2008, por ter sido capturado ao servir na guerra do Vietnã.
O presidente aproveitou a entrevista para defender o acordo costurado com os iranianos.
“Existe uma razão para 99% do mundo achar que é um bom acordo -porque é um bom acordo”, disse. “A boa notícia é que ainda não ouvi um argumento factual no outro lado que mantenha-se ao escrutínio.”