MARIANA HAUBERT BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O senador Aécio Neves (PSDB-MG) endossou nesta segunda (27) a posição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de rejeitar aproximação com o governo e com o ex-presidente Lula em um momento em que a presidente Dilma Rousseff enfrenta uma “grave crise” de confiança. Como a Folha de S.Paulo mostrou na semana passada, Lula tentou articular uma conversa entre os petistas e o ex-presidente tucano com o intuito de discutir a crise e tentar impedir que a oposição aumente a pressão pelo impeachment de Dilma. No fim de semana, no entanto, FHC publicou uma nota afirmando que o “momento não é para a busca de aproximações com o governo, mas sim com o povo”. Após a revelação da estratégia petista, tucanos pressionaram Fernando Henrique a não aceitar o encontro. Para Aécio, FHC deu o tom certo. “Em torno do que o ex-presidente Lula quer discutir com o ex-presidente Fernando Henrique? Só se for para ele fazer um mea-culpa e assumir a responsabilidade por tudo o que está aí. Ou então querem é criar um pano de fundo para mostrar que somos todos iguais ao PT. Não somos. Nossa aliança é com o povo”, disse. Ele sinalizou ainda que não há espaço para este tipo de diálogo no momento. “Não se conversa com quem não se confia e nós não confiamos no PT”, disse. Segundo Aécio, a frase de Fernando Henrique sintetiza “um sentimento amplamente majoritário nas oposições”. O tucano ironizou a dificuldade do governo em lidar com a crise política e econômica que o assola desde o início do ano. “Mesmo quando a oposição dá uma folga, o governo não dá alívio a ele próprio. […] A instabilidade que atravessam é obra desse governo. Não nos culpem. Isso não é mais um governo. É um arremedo de governo e o desfecho da presidente Dilma é responsabilidade exclusiva dela, não das oposições”, disse. Aécio informou que o PSDB fará convocações para as manifestações contra o governo, marcadas para o dia 16 de agosto, nas inserções que fará na televisão a partir da semana que vem. Apesar de afirmar que o partido não deve ser protagonista dos protestos, o tucano diz que a legenda também não pode se omitir neste momento. Segundo o senador, as propagandas do partido apelarão para a indignação dos cidadãos em relação às ações do governo. “Aqueles que estiverem indignados ou até mesmo arrependidos mas, principalmente, cansados, devem sim se movimentar, ir às ruas”, disse. “O PSDB deve participar como uma parcela da sociedade, jamais como protagonista dessas manifestações. Até porque, quanto mais da sociedade elas forem, mais legítimas e representativas elas serão. Mas o PSDB não se furtará, as lideranças individualmente, a estar presente na manifestação que ganha corpo”, disse.