GUSTAVO URIBE SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Alvo de protestos no primeiro semestre deste ano, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), criticou nesta terça-feira (28) a decisão do presidente nacional do seu partido, Aécio Neves, de participar da convocação para a manifestação contra o governo federal marcada para 16 de agosto. A principal legenda de oposição à gestão de Dilma Rousseff (PT) pretende veicular inserções em cadeia nacional para atrair manifestantes para os protestos organizados por grupos que defendem o impeachment da presidente. Para o governador, o envolvimento do partido na convocação é “desnecessário” e pode ser explorado pelo governo federal como uma iniciativa de caráter revanchista.

Richa esteve em São Paulo para encontro com o governador paulista, Geraldo Alckmin -que disputa a cabeça de chapa de seu partido para 2018 com Aécio-, e outros governadores. “Nem sempre há unanimidade [no partido]. Eu acho desnecessário [fazer a convocação]. Nós tivemos grandes manifestações no país inteiro, sempre com chamamentos espontâneos”, avaliou. “Acho desnecessário até para não ser explorado de forma indevida, que seria uma convocação de partidos adversários. Poderia parecer um revanchismo [se] explorado maldosamente”, acrescentou. O tucano lembrou ainda que os movimentos contrários à presidente costumam não aceitar as presenças nas manifestações populares de partidos, políticos ou “pessoas oportunistas que se infiltram com outros objetivos”.

Em março, o governador já havia dito que não participaria dos protestos contra a presidente por considerar um impeachment uma ” medida extrema”. Na época, o tucano enfrentava protestos no Paraná, principalmente por parte do funcionalismo público. Professores da rede estadual, que chegaram a paralisar as suas atividades por mais de três semanas em protesto contra o atraso no pagamento de benefícios, chegaram a pedir até mesmo o afastamento do governador do cargo.