MARINA DIAS E FLÁVIA FOREQUE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Com perfil centralizador e sob críticas de que governa com pouco diálogo e participação de aliados, a presidente Dilma Rousseff lançou nesta terça-feira (28) o “Dialoga Brasil”, plataforma digital interativa elaborada pelo governo para que pessoas possam dar opiniões e sugerir programas para o Palácio do Planalto.
Ao lado de nove ministros e de uma claque simpática à petista, Dilma tentou desfazer a fama de que é refratária às contribuições e disse que “é muito difícil governar um país da dimensão do Brasil sem ouvir as pessoas”.
Segundo a presidente, para melhorar o seu governo é preciso fechar “uma parceria com a sociedade”.
“O que dá para melhorar no que estamos fazendo? O que a gente deve introduzir nesses [programas] em vias de fazer? E o que é possível fazer que ainda não vimos? Esses três eixos são a estrutura do ‘Dialoga Brasil’. É isso que nós queremos saber”, afirmou em fala descontraída e feita de improviso, o que geralmente causa embaraços à presidente.
O objetivo do portal é que, através de um cadastro ou utilizando os dados de sua conta no Facebook ou Google, as pessoas possam dar sugestões sobre quatro temas -saúde, segurança pública, educação e redução da pobreza. Até novembro, essas propostas serão debatidas e poderão ser votadas. As três mais populares em cada programa serão respondidas pelo governo.
A presidente afirmou que “todos os 14 programas do governo federal” devem ser debatidos no novo canal e que muitos deles, como o Mais Médicos, o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, vitrines da gestão petista, foram feitos “em um processo de discussão social”.
Responsável pela elaboração do portal, o ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) disse que o projeto vai “ampliar os espaços de participação e de diálogo”. “Queremos que todo cidadão brasileiro, do menor ao maior município do país possa ter um canal direto de participação com o governo federal”, afirmou.
Em seu discurso, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) defendeu três aspectos da segurança pública: maior integração entre União, Estados e municípios; maior participação da União -hoje restrita basicamente à Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal- e melhor gestão em um período de ajuste fiscal do governo. “Às vezes se compra um helicóptero quando não te um piloto para pilotar”, comentou.
Apesar da tentativa de entrar em uma agenda positiva e reduzir os desgastes da crise política e econômica ao Planalto, Cardozo reconheceu os indicadores negativos do país no tema da segurança. “Lamentavelmente, o Brasil é um dos países mais violentos do mundo”.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, por sua vez, arrancou palmas da plateia ao citar a taxa “vergonhosa”, segundo ele, de cesáreas na rede privada (84%) e no SUS (40%). “Está muito ruim”, afirmou. O titular da pasta defendeu ainda o Mais Médicos e o Mais Especialidade, uma das bandeiras de Dilma na saúde na última campanha presidencial.
A intenção é dar prioridade ao atendimento da população em três áreas prioritárias, disse o ministro: oftalmologia, cardiologia e ortopedia.