O governador Beto Richa rejeitou na terça-feira (28) a adesão do PSDB aos protestos de rua pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) programados para 16 de agosto. Richa contrariou a decisão do presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG), que decidiu usar o programa eleitoral do partido para convocar a população a participar da manifestação. Richa esteve em São Paulo para encontro com o governador Geraldo Alckmin – que disputa a cabeça de chapa de seu partido para 2018 com Aécio -, e outros governadores.

O PSDB pretende veicular inserções em cadeia nacional para atrair manifestantes para os protestos organizados por grupos que defendem o impeachment da presidente. Alvo de protestos de servidores no primeiro semestre, em razão de medidas de corte de gastos, Richa classificou o engajamento do partido nas manifestações de rua como desnecessário e lembrou que os próprios manifestantes rejeitam a participação de partidos e de políticos nos protestos.

Com todo respeito, nem sempre há unanimidade nos entendimentos, acho que é desnecessário. Tivemos grandes manifestações no Brasil inteiro com chamamentos espontâneos, afirmou ele, dizendo respeitar a posição de Aécio, apesar da discordância. Acho que é desnecessário até para não ser explorado de forma indevida – uma atuação, coordenação e convocação– por partidos adversários. Pode parecer um revanchismo, (se) explorado maldosamente, avaliou o tucano, para quem um impeachment é uma medida extrema não-desejárvel.

Pacto

Richa também confirmou presença na reunião de governadores com Dilma, no Palácio do Planalto, para discutir a crise, programada para amanhã em Brasília. Ele avaliou que a queda de arrecadação é um problema para governadores tanto de situação e oposição. Governos de oposição, de situação, todos acabamos sendo atingidos com esta grave crise, sobretudo nas arrecadações. Não ir pode parecer um boicote e um desprezo à realidade que o Brasil enfrenta, apontou. 

A presidente pretende reunir os 27 governadores e propor um pacto de governabilidade. Vamos deixar claro que os governos não aguentam mais essa sobrecarga de responsabilidades que historicamente vem sendo repassadas sem a devida compensação financeira, disse Richa. Atualmente, há uma extravagante concentração de recursos em Brasília enquanto os governadores e prefeitos estão de joelhos com o pires nas mãos, criticou.