Ao contrário de potências como Rússia, Estados Unidos e Japão, o Brasil não possui sequer laboratórios com a segurança necessária para a manipulação de micro-organismos como Ebola, Varíola, Antraz, entre outros que podem ser utilizados como armas de destruição em massa. A afirmação da coordenadora do Mestrado em Biotecnologia da Universidade Positivo, Leila Teresinha Maranho, foi feita durante o primeiro dia de treinamento sobre bioterrorismo para policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), em Curitiba.

De acordo com a especialista, o Brasil ainda sofre com instalações mal preparadas para atender a surtos, pouca variedade de vacinas para conter micro-organismos e agentes de saúde mal preparados para o atendimento e o fornecimento de informações à população. Segundo o Capitão Oliveira, do Batalhão Antibombas da Polícia Militar do Paraná, o mundo só começou a se atentar para ataques terroristas civis após o 11 de setembro.

“Isso é muito novo. Apenas após o incidente nos Estados Unidos que passamos a considerar que os próximos atentados terroristas serão com a utilização de armas de destruição em massa, seja com agentes químicos, biológicos ou nucleares”, admite.

E para quem pensa que o terrorismo passa longe, Leila garante que há mais casos de bioterrorismo no Brasil do que se imagina. “Entenda-se por bioterrorismo o uso de armas biológicas visando a criar pânico, insegurança, medo e traumas coletivos”, explica. Para combater esse tipo de evento, a especialista afirma que é preciso uma série de medidas — entre as principais estão a socialização de informações, a disseminação de conhecimento e a capacitação de todos os profissionais envolvidos em situações de primeira resposta.

“O processo é um caminhar, e nós estamos dando os primeiros passos. Estamos procurando algumas respostas para perguntas que exigiam uma fundamentação teórica. Não adianta termos toda uma estrutura de resposta sem conhecer o básico. Por isso, viemos à universidade em busca da construção do conhecimento científico”, afirma o tenente Lauro Sperka Júnior.

Inédito no brasil, o curso é composto por exposição dos conceitos teóricos específicos e demais informações relacionadas ao bioterrorismo; produção e exposição de sugestões e ideias; atividades expositivo-participativas; expansão do conhecimento e análise crítica e ações práticas no laboratório. Todas as aulas são ministradas no câmpus Ecoville da Universidade Positivo, em Curitiba.