FÁBIO MONTEIRO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Entre as economias da América Latina e do Caribe, apenas Brasil e Venezuela devem apresentar recessão em 2015, segundo previsão da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe).
Enquanto a região deve apresentar crescimento de 0,5%, a expectativa é que a economia brasileira tenha retração de 1,5%. A previsão anterior do órgão, divulgada em abril, era de crescimento de 1% para a região e queda de 0,9% na economia brasileira.
No caso da Venezuela, a estimativa é de uma retração de 5,5% ante projeção anterior de queda de 3,5% no ano.
A agência avalia que a desaceleração econômica é um fenômeno generalizado na região e cita fatores externos e internos para a piora do cenário. A desaceleração da economia da China e de outros países emergentes e a contração do investimento e do consumo interno corroboram a piora do quadro geral.
A Cepal acredita também que a redução da taxa de investimento afeta tanto o ciclo econômico dos países quanto a qualidade do investimento de médio e longo prazo.
De acordo com Alicia Bárcena, secretária executiva da Cepal, melhorias em regras fiscais que possam proteger o investimento, além de parcerias público-privadas e acesso a novas fontes de financiamento podem auxiliar a região a apresentar desempenhos melhores no futuro.
A avaliação do órgão é que a aceleração do crescimento econômico depende também dos espaços que os países tenham para aplicação de políticas contracíclicas, que estimulem o investimento e evitem choques externos.
Para o Brasil, a Cepal aposta em uma melhora do cenário econômico em 2016, respondendo aos ajustes que estão sendo feitos pelo governo Dilma Rousseff neste ano.
“O Brasil sempre revelou grande capacidade de reagir em termos de ajuste. Isso aconteceu em 2003. É possível que o Brasil saia destes números de características recessivas”, afirmou Antônio Prado, secretário-executivo adjunto da Cepal.
Para ele, a indústria manufatureira do Brasil deve exportar mais e importar menos, especialmente pelo cenário da valorização do dólar em relação ao real.
O órgão avalia ainda que existe certa evasão fiscal no Brasil e que existem setores que podem melhorar o caixa do governo. “Há espaço para aumentar arrecadação sem aumentar efetivamente a estrutura tributária”, afirmou o secretário da Cepal.
O emprego também deve ser um fator que demandará muita atenção dos países da América Latina. Segundo informações preliminares do órgão, a debilidade da geração de postos de trabalho no começo de 2015 pode aumentar a taxa média anual de desemprego, chegando a 6,5%. Em 2014, a taxa ficou em 6%.