MARIANA CARNEIRO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – O governo da Argentina quer saber se o acordo nuclear assinado com o Irã poderia significar a retirada da ordem de captura contra o ex-ministro da Defesa Ahmad Vahidi.
Ele e outros quatro altos funcionários do governo do Irã são acusados, na Justiça argentina, de organizarem o atentado à bomba em Buenos Aires, em 1994, que destruiu a sede da associação judaica Amia. Oitenta e cinco pessoas morreram na explosão.
Após anos de investigação, o promotor Alberto Nisman -que apareceu morto em janeiro deste ano, em um caso ainda sem solução- pediu à Interpol a captura dos iranianos.
Nesta quarta (29), o chanceler argentino, Héctor Timerman, informou que enviou uma carta solicitando informações ao secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e à representante da União Europeia para Assuntos Exteriores, Federica Mogherini.
O pedido de Timerman ocorreu após o jornal americano “The Wall Street Journal” publicar reportagem afirmando que a retirada da ordem de captura contra Vahidi faria parte do acordo firmado entre o Irã, os EUA e os países europeus.
Na carta, Timerman afirma que o governo da Argentina havia solicitado aos EUA que incluísse o caso Amia nas negociações com o Irã.
O chanceler quer saber se alguma pessoa ou ação envolvida no caso foi objeto de negociação dentro do pacto nuclear.
“Seguramente, o senhor não ignora o impacto e a sensibilidade que tem qualquer fato relacionado ao atentado à Amia sobre o povo e o governo argentino”, diz a carta.
“Tenha certeza de que nos anima a profunda convicção de que há valores que estão acima de qualquer razão de política internacional”.