JEAN-PHILIP STRUCK BONN, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – Na madrugada de segunda (27), o vereador Michael Richter estava em sua casa, em Freital, no Estado alemão da Saxônia, quando foi surpreendido com o som de uma explosão. Ao olhar pela janela, viu seu carro em chamas. Embora a polícia ainda não tenha determinado que se tratou de um atentado, o Die Linke (A Esquerda), partido de Richter, afirma que o episódio foi a culminação de uma série de ameaças que o político -conhecido por organizar eventos de apoio a refugiados- vem recebendo. Desde o início de 2015, praticamente não houve um dia no país sem o registro de algum incidente envolvendo estrangeiros em busca de asilo. Entre janeiro e junho, houve ao menos 202 crimes que tiveram como alvo abrigos de estrangeiros, segundo o Ministério do Interior. A marca já superou o número de incidentes de todo o ano de 2014. A polícia suspeita que pelo menos 85% dos crimes foram cometidos por grupos de extrema direita. A explosão nos crimes ocorre ao mesmo tempo em que o país registra o maior número de requerimentos de asilo em 20 anos. Em 2014, foram 202.645 pedidos. O recorde deve durar pouco, já que somente neste ano foram 159.927 requerimentos. Cerca de 20% deles foram feitos por sírios. A maioria dos crimes envolve pichações e ameaças, mas houve ao menos 25 casos de violência física. Em 18 de julho, por exemplo, um abrigo foi completamente incendiado em Remchingen. No sábado (25), em Dresden, a capital da Saxônia, um protesto violento contra a abertura de um novo campo de refugiados organizado pela Cruz Vermelha deixou três feridos. Para tentar frear a entrada de refugiados, o governo reclassificou em 2014 alguns países dos Bálcãs, como Bósnia, Macedônia e Sérvia, como países “seguros”, tornando praticamente impossível para que cidadãos desses países consigam asilo.