BRUNA FANTTI RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O Ministério da Agricultura começa nesta quinta-feira (30) a segunda coleta de sangue nos cavalos do Rio com suspeita de mormo, uma doença incurável transmitida por uma bactéria e que pode contaminar humanos. No total, 880 cavalos estão com suspeita da doença na cidade.

Como a Folha de S.Paulo revelou na última quarta-feira (22), o governo suspendeu o sacrifício de 45 animais com suspeita da mesma enfermidade na Escola de Equitação do Exército, em Deodoro, zona oeste do Rio. Lá, ao todo, são 584 cavalos com suspeita.

Além desses animais da escola de Deodoro, que vai receber o evento-teste de hipismo da Rio-2016 a partir do próximo dia 6 de agosto, têm suspeita da doença outros 96 cavalos da Polícia Militar e 250 da SHB (Sociedade Hípica Brasileira). Apesar do número, o Ministério da Agricultura não caracteriza o fato como uma epidemia e, sim, como uma ação preventiva. De acordo com a pasta, a investigação teve início após um cavalo, que esteve em Deodoro entre fevereiro e novembro de 2014, ser diagnosticado com mormo em fevereiro deste ano.

Por conta disso, todos os cavalos que possam ter realizado contato com o cavalo contaminado estão sendo investigados. Ainda em fevereiro, dois cavalos em Deodoro manifestaram a doença e foram encaminhados para a Estação Quarentenária de Cananéia, onde são realizados estudos científicos da doença e sacrifício dos animais. Atualmente, na base, há 17 cavalos contaminados.

Procurada pela reportagem, a SHB afirmou que testes de mormo são realizados periodicamente a cada 60 dias pela própria instituição e que a medida do ministério é somente preventiva. O clube, da elite carioca, possui os cavalos mais caros da cidade, alguns avaliados em milhões de reais. Já a Polícia Militar afirmou que os animais sob suspeita estão isolados e aguarda os resultados do Ministério da Agricultura. Procurada pela Folha, a Federação Equestre Internacional afirmou que foi avisada do caso da possível contaminação de mormo, mas confia no Ministério da Agricultura para o eficaz isolamento sanitário do evento-teste.

EXÉRCITO

A ameaça da contaminação dos cavalos do Exército ocorre próximo ao dia do evento-teste de hipismo dos Jogos Olímpico de 2016, que receberá cavalos nacionais da competição. A Escola de Equitação fica a 350 metros do local, respeitando o protocolo internacional que determina um raio mínimo de 200 metros de distância da área do evento. A primeira coleta de sangue nos animais foi realizada entre os dias 3 e 14 de julho em todos os 584 cavalos do Complexo de Deodoro, onde está fica a escola. De acordo com informações de militares, o ministério teria informado que desses animais 17 apontaram resultado positivo para a doença; outros 18 foram inconclusivos.

Por conta da coleta, o Exército alugou baias para separar os animais suspeitos da doença. Elas foram montadas do lado de fora da escola, próximo ao acesso principal de pedestres. A medida foi tomada para não haver possibilidade de contaminação com os outros animais locais. Segundo militares, o ministério chegou a avisar verbalmente à escola que 45 cavalos seriam sacrificados, no último dia 22, por conta da proximidade com o evento-teste. Por isso, o comando do Exército ordenou que valas fossem cavadas para enterrar os animais, segundo oficiais relataram à Folha de S.Paulo. Os animais seriam mortos com um tiro de pistola de pressão entre os olhos.

No mesmo dia, oficiais do Exército questionaram o teste por considerarem falho e, em uma reunião entre o Ministério da Agricultura e os militares, foi decidido que um novo teste seria feito. Um dia após a reunião, o Ministério da Agricultura confirmou a informação de um novo teste. A pedido dos militares, no total três baterias de teste serão enviadas para análise em um laboratório na Alemanha, já que os laboratórios do Ministério da Agricultura não possuem ainda certificado de padrão internacional. O resultado das três baterias deverá ser divulgado em outubro.