PAULO ROBERTO CONDE, ENVIADO ESPECIAL
KAZAN, RÚSSIA (FOLHAPRESS) – Embalada após um bronze inédito na Liga Mundial e um vice-campeonato no Pan de Toronto, a seleção brasileira masculina de polo aquático disputa o Mundial de Kazan em meio à certeza de ser cada vez mais internacional.
A equipe, que naturalizou cinco jogadores estrangeiros (espanhóis, croata, cubano e italiano) recentemente, dará outro passo para se aproximar da elite. A partir deste segundo semestre, quase todos os atletas vão atuar por clubes europeus, os mais fortes do mundo.
A estratégia é dar mais rodagem ao grupo, com objetivo de chegar aos Jogos Olímpicos do Rio-2016 e brigar pelo pódio.
Inicialmente, o desejo da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) era inscrever um time com jogadores da seleção para disputar a Liga Adriática, que reúne jogadores de potências como Croácia, Sérvia e Montenegro.
Mas faltou dinheiro para tocar o projeto, e a solução foi enviar os atletas para diversos países. A CBDA reformulou as datas do calendário nacional para adaptá-lo ao europeu. Apesar de saírem para atuar no exterior, os jogadores vão manter vínculos com os clubes do país.
Capitão brasileiro, Felipe Perrone jogará por uma equipe croata. Terá Josip Vrlic, croata naturalizado brasileiro, como parceiro. Outro que obteve cidadania brasileira, o espanhol Adrià Delgado atuará na Hungria. Outros atletas jogarão na Espanha.
O goleiro Thye Bezerra, acusado e procurado pela polícia de Toronto por abuso sexual, não fará parte do projeto por ora, pois deve cuidar de sua defesa no Brasil.
“Seis ou sete vão para a itália. A gente precisa de jogos de alto nível. O [técnico da seleção, o croata Ratko] Rudic acabou incentivando a ida para a Europa. Vai enriquecer muito para o Rio”, afirmou Perrone.
O modelo tomado como base foi o do handebol feminino brasileiro, atual campeão mundial. Durante anos, a CBHb (Confederação Brasileira de Handebol) bancou uma parceria com o Hÿpo, da Áustria.
Mais de 70% da seleção feminina jogava junta pela agremiação. Espera-se, ainda que de forma não similar, que o resultado seja o mesmo.
“É algo que nunca aconteceu. Se formos contar, do nosso time apenas três ou quatro haviam jogado fora. O resultado em Bergamo [bronze na Liga Mundial] abriu a porta para todo mundo”, acrescentou Perrone.
A equipe masculina de polo aquático define sua classificação ou não para a próxima fase do Mundial de Kazan nesta sexta-feira (31), contra o Canadá, às 14h30 (de Brasília).
Terceira colocada no Grupo A até o momento, empatou na estreia com a China em 9 a 9 e perdeu para a Croácia por 10 a 9. Até mesmo uma derrota, desde que não seja por muitos gols de diferença, classifica-a para o mata-mata.
FEMININO
Também atrás de mais desenvolvimento mas sem grandes resultados internacionais, a seleção feminina tem um projeto menos ousado para evoluir.
As atletas estão concentradas em São Paulo e agora formam um grupo permanente, sob comando do técnico canadense Pat Oaten.
“Tínhamos atletas nos Estados Unidos e no Rio, e agora moram em São Paulo [treinam no Esporte Clube Pinheiros]. Faltam duas jogadores apenas irem para lá. A tendência é evoluir”, afirmou Paulo Rogério Rocha, supervisor da seleção.
Nesta quinta-feira (30), o time perdeu por 15 a 6 para a Itália no Mundial de Kazan. Na primeira fase, perdeu ainda para os Estados Unidos e venceu o Japão. Com isso, deve pegar a China na fase de oitavas de final.