SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com a reputação de moderado e pragmático, Akhtar Mansour -escolhido como novo chefe do Taleban- assume formalmente o lugar do mulá (líder religioso) Mohammed Omar em um momento crucial para o futuro do grupo, em meio a negociações de paz com o governo do Afeganistão e à expansão da facção terrorista Estado Islâmico.
Ainda que Mansour tenha, na prática, dirigido o Taleban desde a morte de Omar, em 2013, analistas apontam que o novo líder carece da aura religiosa de seu antecessor, o que pode minar sua legitimidade frente aos militantes de base, possivelmente fragmentando ainda mais o grupo islamita.
Yaqub, 26, filho de Omar, também era cotado para o cargo. No entanto, ele foi considerado muito jovem e inexperiente para a função.
TRAJETÓRIA
Tanto Mansour quanto Omar nasceram no início dos anos 1960 na província de Kandahar, região afegã conhecida por atividades pastoris e que foi berço da rebelião taleban que mais tarde governou o Afeganistão de 1996 até 2001, quando ocorreu a invasão dos EUA.
Mansour passou a maior parte de sua juventude no Paquistão. Ao longo dos anos, aprendeu a navegar entre os diferentes setores que compõe o movimento taleban, como a shura de Quetta (que dirige os talebans no Paquistão) e os representantes da milícia no Qatar.
Durante o governo taleban no Afeganistão, Mansour ocupou o cargo de ministro da Aviação Civil. Depois, foi apontado pelo grupo como responsável pelos assuntos militares e políticos da milícia, trabalhando como braço-direito de Omar.
Trabalharão ao lado de Mansour, nas funções de “vice”, Maulavi Haibatullah Akhunzada, ex-chefe de Justiça, e Sirajuddin Haqqani, filho do fundador da rede Haqqani, considerada terrorista pelo governo dos EUA.
Assim como seu antecessor, no entanto, Mansour evita aparições públicas e são desconhecidos outros detalhes sobre sua vida.
PAZ
No início de julho, o Paquistão organizou um primeiro encontro oficial entre dirigentes talebans e representantes do governo de Cabul para iniciar negociações de paz sob a supervisão dos EUA e da China. No entanto, com a incerteza criada pelo anúncio da morte de Omar e após o pedido dos representantes talebans, uma segunda rodada de negociações prevista para esta sexta (31) foi adiada.
Para Abdul Hakim Mujahid, ex-taleban que hoje atua no Alto Conselho Afegão para a Paz, Mansour é “favorável à paz e às negociações”. “Creio que em seu mandato o processo de paz será reforçado e os talebans serão incorporados ao cenário político”, disse.