LEANDRO COLON, ENVIADO ESPECIAL
CALAIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – O sudanês Victor Mohamed, 23, cumpria na manhã desta sexta-feira (31) a rotina de encher galões de água no acampamento onde vive em Calais, no extremo norte francês.
Ele chegou há apenas uma semana ao local. Desembarcou há seis meses na Sicília (Itália), após uma viagem de quatro dias de barco pelo mar Mediterrâneo.
Viajou alguns dias de trem da Itália até Calais. “Da Sícilia fui para Nápoles, depois para Milão. De lá, peguei um trem para Nice, com uma parada antes em Ventimiglia (ainda Itália). De Nice, vim para Calais”, conta.
E como pagou a viagem? Mohamed responde: “Conseguia entrar no trem e passava a maior parte do tempo no banheiro dos vagões para não ser pego pelo cobrador”.
O jovem, da capital sudanesa de Cartum, diz que foi para Calais porque outros amigos já moravam na região. Por enquanto, afirma que não sabe se tentará uma travessia para o Reino Unido, como milhares de imigrantes em Calais têm feito recentemente.
E por que deixou o Sudão? “A vida lá é muito ruim, não tenho qualquer chance”, diz, enquanto enche mais um galão de água do centro de assistência montado pelas autoridades francesas ao lado do acampamento.
Victor Mohamed diz que sua família pagou US$ 2.500 a aliciadores no Sudão para levá-lo para a Europa. Agora, pensa em pedir asilo ao governo da França -quer trabalhar e mandar dinheiro para os que ficaram no Sudão.
CALAIS
Estima-se que entre 3.000 e 5.000 imigrantes vivem hoje em Calais. A maioria fez a travessia pelo mar Mediterrâneo para chegar à Europa em busca de uma vida melhor.
Nos últimos dias, a administração do Eurotúnel, que liga Calais ao Reino Unido pelo canal da Mancha, afirmou que pelo menos 3.500 pessoas tentaram forçar a passagem para o lado britânico, aumentado a crise migratória na região.