SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A alta de 10% do dólar em julho fez com que os fundos cambiais liderassem o ranking de aplicações da Folha de S.Paulo no mês e também em 12 meses. O levantamento computa o desempenho no período e desconta Imposto de Renda. Vale destacar que, quando há perda, o IR não é cobrado.
A moeda americana encerrou o mês cotada a R$ 3,42. Com isso, os fundos cambiais tiveram alta de 43,19% em 12 meses (após desconto de IR, que é de 17,5% na categoria para o período). No mês, avançaram 7,43% -já sem o IR.
Em segundo lugar no ranking em 12 meses ficou o ouro, com valorização de 28,49%. No mês, o metal teve alta de 0,51%, afetada pela queda do preço da commodity no exterior, apesar da valorização do dólar no Brasil.
A inflação medida pelo IPCA (índice oficial) foi de 8,89% nos 12 meses encerrados em junho. Para julho, a projeção é de 0,58%, de acordo com a mais recente pesquisa semanal do Banco Central com economistas (o Boletim Focus).
Além do desempenho no mês, que ajuda a identificar as principais influências momentâneas sobre os investimentos, o retorno em 12 meses é considerado no levantamento da Folha de S.Paulo como forma de avaliar o desempenho dos investimentos em um prazo maior. Manter uma aplicação por pelo menos um ano também reduz a alíquota de IR a pagar em alguns casos.
A aplicação em fundo cambial é uma forma de proteção para pessoas com despesas programadas em dólar -como um filho que mora no exterior.
Mas, fora dessa circunstância, não é recomendado por consultores como alternativa a pequenos investidores, uma vez que o preço do dólar oscila muito e as taxas de juros, que remuneram a renda fixa, estão elevadas.
Vale destacar ainda que a rentabilidade passada não é garantia de rendimento futuro.
A pior aplicação em 12 meses foi em fundos de ações livres, alternativa para o pequeno investidor que deseja aplicar em Bolsa. No período, houve queda de 3,15%. No mês, os fundos de ações livres perderam 1,54%.
DÓLAR
A valorização de 10% do dólar no mês foi provocada por uma conjuntura de fatores externos -com as turbulências na Grécia e na China- e internos, com as dúvidas sobre a capacidade do governo de evitar um rebaixamento da nota de crédito do país.
“As especulações em torno de uma bolha acionária na China e as intervenções do governo chinês no mercado financeiro afetaram os preços de commodities e geraram dúvidas sobre o crescimento da segunda maior economia do mundo”, afirma Aldo Moniz, analista da Um Investimentos.
Já a Grécia se viu perto de sair da zona do euro, mas conseguiu costurar um acordo para se manter na área de moeda comum.
A expectativa com a elevação da taxa de juros nos Estados Unidos ainda em 2015 também pressionou a cotação da moeda americana no Brasil.
Caso o Federal Reserve (Fed, banco central americano) aumente os juros, os investidores poderiam retirar o dinheiro de países emergentes, como o Brasil, e aplicar nos títulos americanos, considerados mais seguros. Com a perspectiva de maior saída de dólares na economia brasileira, a cotação da moeda sobe.
No Brasil, as preocupações com a situação fiscal pressionaram a moeda americana no mês. O governo anunciou redução da meta fiscal de R$ 63,3 bilhões para R$ 8,75 bilhões.
Depois da sinalização, duas agências de classificação de risco indicaram que podem cortar a nota de crédito do país: Fitch e Standard & Poor’s.
“A alta do dólar foi mais influenciada pelo lado doméstico do que pelo exterior. Temos uma instabilidade política somada a uma crise econômica e ao descontrole das contas públicas, o que acaba influenciando na decisão do mercado”, afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
A perspectiva para a moeda americana ainda é de alta, avalia. “A gente estava na perspectiva de dólar a R$ 3,25. Mas a alta que estamos vendo agora é muito recente. A questão fiscal ainda gera dúvidas. Tem que ver se o mercado está propenso a manter a taxa nesse patamar ou não”, ressalta.
OURO
A alta do ouro em 12 meses se deve basicamente à valorização do dólar no Brasil. O preço da commodity aqui é formado pela cotação do dólar no Brasil e pelo valor do ouro no exterior -o metal acumulou desvalorização de 6,77% no mercado internacional em julho.
Para investir em ouro, é possível comprar contratos negociados na BM&FBovespa, que são padronizados em 250 gramas. O grama hoje está R$ 119,50. Quem quiser comprar uma barra terá de desembolsar R$ 29.875. Há corretoras, porém, que oferecem contratos com quantidades menores do metal.
O metal é considerado uma opção segura de investimento e, por isso, é mais procurado em momentos de instabilidade no mercado financeiro, como o atual. O ouro é isento de Imposto de Renda para movimentações até R$ 20 mil.
BOLSA
A Bolsa voltou a fechar um mês no vermelho, após subir 0,61% em junho. Em julho, o Ibovespa, o principal índice do mercado acionário brasileiro, caiu 4,17% e em 12 meses a queda chega a 8,9%. A desaceleração da economia brasileira e a instabilidade política elevaram a aversão ao risco no mês.
“Os problemas internos interferiram na Bolsa, mas também houve preocupações no exterior com China e Grécia que afetaram os mercados emergentes”, afirma Aldo Moniz, analista da Um Investimentos.
A perspectiva para a Bolsa ainda é preocupante, avalia Roberto Indech, analista da Rico Corretora. “Principalmente pela dificuldade de aprovação dos ajustes fiscais. É preciso monitorar a volta do Congresso e saber se as medidas serão aprovadas. Caso contrário, o país pode inclusive sofrer um rebaixamento da nota de crédito”, ressalta.
RENDA FIXA
O aumento do juro básico (Selic) vem favorecendo os fundos de renda fixa e DI, que tiveram valorização de 10,32% e 10,10% em 12 meses (após o desconto de IR), respectivamente. No mês, as altas foram de 0,73% e 0,86%.
Esses produtos aplicam em títulos cuja remuneração acompanha a tendência do juro básico, ou que estão atrelados à própria Selic.
A poupança -tanto para depósitos até 3 de maio de 2012 quanto após essa data- rendeu 7,53% em 12 meses e 0,73% em julho.