PAULO ROBERTO CONDE, ENVIADO ESPECIAL
KAZAN, RÚSSIA (FOLHAPRESS) – Um dos nadadores mais aplaudidos no primeiro dia de eliminatórias no Mundial de Kazan, neste domingo (2), não era russo ou tinha status de popstar.
Ahnt Khaung Htut, de Mianmar, conquistou a atenção de todos ao se dirigir à raia 4 sem qualquer rival na primeira bateria dos 100 m peito.
Os dois rivais que estariam ao seu lado (Alhassane Fofana, de Guiné, e Stephane Fokam, de Camarões) simplesmente não se apresentaram para competir. Deixaram-no na mão. Mas o público, que preencheu boa parte dos 12 mil assentos disponíveis na Arena Kazan, não.
Todos aplaudiram o 1min16s13 de ida e volta de Ahnt na piscina, armada sobre um campo de futebol. Pelo esforço. Porque havia ali um abismo de qualidade técnica. A melhor marca da manhã, por exemplo, foi obtida pelo britânico Adam Peaty, com 58s52.
Mais surpreendente que a performance foi saber que o nadador tinha, apenas, 12 anos. “Comecei a treinar quando tinha seis. Adoro a ideia de estar aqui, no Campeonato Mundial. Estou muito orgulhoso”, afirmou o nadador, cujo ídolo é o chinês Sun Yang, campeão olímpico dos 400 m livre e 1.500 m livre.
“Estava nervoso por competir sozinho, mas no fim gostei da experiência”, acrescentou o atleta.
Ahnt não teria índice para se classificar para o Mundial de Kazan. Entrou na competição porque seu país recebe um punhado de convites da Fina (Federação Internacional de Kazan).
De início, nadaria provas de estilo livre, às quais realmente se dedica. Mas uma lesão mudou a programação e ele teve de improvisar para não perder a viagem.
“Eu geralmente nado estilo livre, mas quebrei a mão [ele exibe a cicatriz no braço esquerdo], em abril. Estava correndo pela piscina e caí”, contou.
O novato, um dos mais jovens do Mundial, afirmou que deseja disputar os Jogos Olímpicos de 2020, quando terá 17 anos.
É um sonho distante, mas Ahnt começou bem. Com apenas 12 anos, ele já ficou à frente de dois outros nadadores na classificação após nove eliminatórias.