SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma ex-funcionária do Google nos EUA relatou, no Twitter, uma experiência que ela mesma conduziu para tornar públicas as remunerações dos empregados da empresa. Erica Baker, uma engenheira de tecnologia que trabalhou na companhia de 2006 a 2014, criou uma planilha pública na qual os colegas podiam inserir suas remunerações.
Ela diz que a ideia surgiu de uma conversa com alguns colegas e que eles resolveram criar um documento para comparar os salários entre eles. Mas eles se deram conta de que a planilha era pública, então ela copiou o arquivo na rede social dos funcionários do Google.
Segundo ela, a planilha, que poderia receber informação de qualquer um que trabalhasse no Google, começou a ser muito compartilhada.
Baker adicionou variáveis, como gênero da pessoa que declarava o próprio salário. ‘Virou um acontecimento‘, ela escreveu. Poucos dias depois, ela foi chamada pelos gerentes para falar sobre o assunto.
‘As pessoas mais altas na hierarquia não estavam contentes. Ela [minha gerente] não estava contente. Por que eu havia feito isso? Você não sabe o que pode acontecer?‘, questionaram, segundo o relato da própria ex-funcionária. Baker diz ter respondido que não ia acontecer nada, porque, pela lei, não se pode retaliar empregados por divulgar as suas remunerações.
Segundo a ex-funcionária do Google, cerca de 5% dos profissionais colocaram na planilha os valores de seus salários. ‘As pessoas pediram e conseguiram pagamentos equiparáveis baseados naquele documento‘, disse. Apesar de ela não dizer por que saiu da empresa, ela relata que seus relacionamentos pioraram no Google.
No Brasil também não há lei que proíba a divulgação de salário, mas pode ser que o contrato entre o empregador e o profissional exija sigilo, explica o advogado trabalhista Leonardo Passafaro. Mas ele diz que evidentemente a empresa não vê a iniciativa com simpatia e que ela pode decidir demitir a pessoa que fizer isso, mesmo que seja sem justa causa.
Ele diz também que, na Justiça Trabalhista, a equiparação de remunerações não é automática. ‘A regra geral é que trabalhadores que têm funções iguais devem receber salários iguais. Mas há outros determinantes, como o tempo na função, por exemplo.‘
Além disso, há outras variáveis que a Justiça leva em conta ao acatar um pedido de equiparação salarial: se a empresa tem um plano de carreira e os cursos que a pessoa fez.