MARIANA HAUBERT E DÉBORA ÁLVARES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Com a prisão do ex-ministro petista José Dirceu na manhã desta segunda-feira (3), líderes da oposição afirmam que as investigações da Operação Lava Jato se aproximam cada vez mais do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, além do núcleo principal do PT.
Para o senador Aloysio Nunes (SP), vice-líder do PSDB no Senado, os fundamentos usados para a prender José Dirceu deveriam influenciar, pelo menos, uma investigação contra o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff.
Segundo os investigadores, Dirceu foi um dos criadores do esquema de corrupção na Petrobras e na estatal a prática do mensalão -a compra de apoio parlamentar.
“Se a justificativa é que ele [Dirceu] contribuiu para formar o esquema da Petrobras, essa mesma se prestaria também, pelo menos, à abertura de uma investigação contra Lula e Dilma. Ele não montou isso sozinho. Havia um presidente da República e uma chefe da Casa Civil”, afirmou o tucano.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), também comentou a prisão do ex-ministro e sugeriu, em nota, que “falta pouco” para as investigações começarem a chegar a Lula e Dilma.
“Temos que aplaudir essa nova etapa da Lava Jato, que não se restringe a intermediários e finalmente começa a chegar aos cabeças pensantes, elaboradores de todo esse esquema corrupto dentro do Palácio do Planalto alimentado por ‘pixulecos’. Falta pouco agora”, disse.
O líder democrata na Câmara, Mendonça Filho (PE), acredita que essa fase inaugura o início das investigações contra o núcleo político do esquema, e que atingirá principalmente o PT. “O Dirceu foi o grande mentor do projeto de poder do PT e a prisão de hoje [segunda] agrava ainda mais o quadro político já delicado do partido.”
Mendonça se refere ao PT como uma “organização criminosa”. “É triste para o Brasil ver que foi dominado por uma organização criminosa, com aval da cúpula de um dos principais partidos da história da República”, disse.
Na mesma linha dos colegas, o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), afirmou em nota que a prisão de Dirceu “deixa clara a ligação entre os escândalos do mensalão e do petrolão como práticas do governo petista”.
“Os fatos agora tornados públicos poderão finalmente chegar ao andar de cima. A hora é de apoiar as investigações e confiar na isenção das instituições”, afirmou.
IMPEACHMENT
Já o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), defendeu um novo governo no país para que “ele possa, junto com a Justiça, corrigir os rumos do Brasil. Para o deputado, “há o encaminhamento de que o impeachment pode se tornar necessário” porque a “ingovernabilidade está instalada no país”.
Na avaliação do deputado, o processo de julgamento e as punições do mensalão “não serviram como advertência ao PT de que era preciso parar com as atividades que envolviam corrupção”.
O líder do partido na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), também afirmou que as investigações se aproximam de Lula.
“A prisão de Dirceu complica ainda mais o Partido dos Trabalhadores, que na Presidência da República, montou uma engrenagem de corrupção para roubar recursos da população brasileira. Desmoraliza totalmente um partido que pregava a ética na política e ao chegar ao poder, infelizmente, mergulhou de cabeça no submundo do crime”, disse.
Dirceu foi preso preventivamente na manhã desta segunda (3) na 17ª fase da Operação Lava Jato. Seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, sócio dele na JD Consultoria, também foi detido. Outro detido é Roberto Marques, ex-assessor do petista. Eles estão na superintendência da PF em Brasília e devem ser transferidos para Curitiba, onde ficarão à disposição da 13ª Vara da Justiça Federal.