TONI SCIARRETTA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Bradesco prometeu manter inalterados os principais benefícios de atendimento a clientes do HSBC no exterior, como saques sem custo, transferências de valores e facilidades no intercâmbio entre contas. O Bradesco anunciou na madrugada desta segunda (3) a compra da filial brasileira do banco britânico.
Para o cliente do banco, nada muda neste momento pois a incorporação só começará a ocorrer após o Banco Central e as demais autoridades reguladoras aprovarem o negócio, o que só deve ocorrer em 2016.
Segundo Luiz Trabuco, presidente do Bradesco, a ideia é levar ao restante dos clientes do banco o mesmo tipo de produtos e serviços que os do HSBC já tinham. “Teremos agora a possibilidade de ampliar a capacidade de produtos e serviços que ainda não eram oferecidos por questões estratégicas”, disse.
André Brandão, presidente do HSBC no Brasil, disse que o tema já foi mapeado internamente e será tratado pelas equipes que discutirão a integração dos dois bancos.
Trabuco afirmou que o próprio Bradesco, apesar de não ter uma rede de agências de presença global como o HSBC, tem os seus parceiros internacionais, além de unidades nos EUA, Europa e Ásia.
REAÇÃO DO MERCADO
O Bradesco comprou o HSBC Brasil por US$ 5,2 bilhões (R$ 17,6 bilhões), valor que foi considerado elevado pelo analistas do mercado. As ações do banco têm queda de 3% e estão entre as maiores baixas do Ibovespa, principal termômetro dos negócios na Bolsa brasileira.
Os analistas esperavam que o banco fosse vendido por menos de US$ 4 bilhões (R$ 13,7 bilhões), 1,3 vez o valor patrimonial de cerca de R$ 10,5 bilhões. O banco justificou o valor elevado pela complementaridade das redes de agência e de clientes. Afirmou ainda que espera, em um prazo de até três anos, que o HSBC passe a ter o mesmo patamar de lucro e a mesma rentabilidade do Bradesco.
O banco teve prejuízo de R$ 549 milhões em 2014. No primeiro semestre deste ano, porém, houve lucro de US$ 191 milhões (R$ 653 milhões, pelo câmbio atual) -considerando o padrão contábil britânico antes de impostos. O valor ainda não foi divulgado em reais e no padrão brasileiro.
Segundo Trabuco, a compra do HSBC no Brasil é a maior aquisição já feita pelo Bradesco, que permitirá uma ampliação de 20% da atual presença do banco no país. “A aquisição possibilitará ganho de escala e otimização de plataformas, com aumento da cobertura nacional, consolidando a liderança em número de agências em vários Estados, além de reforçar sua presença no segmento de alta renda”, diz o banco.
De acordo com o Bradesco, a aquisição vai proporcionar benefícios para os clientes das duas instituições, como o aumento da rede de atendimento em todo o país e o acesso a produtos oferecidos pelos dois bancos, principalmente nos mercados de seguro, cartão de crédito e administração de fundos (asset management).
Os clientes do HSBC, ainda de acordo com o Bradesco, “continuarão a ser atendidos da forma habitual e, após a conclusão da operação, passarão a contar com todos os produtos, os serviços e as comodidades oferecidas”.
O HSBC planeja manter uma pequena presença no Brasil para atender clientes corporativos.
Em nota, o Banco Central informa que não participou das negociações da compra e que analisará seu impacto sobre a estabilidade e o nível de concorrência do sistema financeiro para decidir se aprova a transação.