MARIANA HAUBERT
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Após o Planalto ensaiar uma aproximação com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na tentativa de apaziguar os ânimos com o Congresso, o peemedebista sinalizou nesta terça-feira (4) que não irá se alinhar ao governo.
Na volta dos trabalhos com o fim do recesso legislativo, Renan afirmou que não é “governista” nem “anti-governista” e disse que o Congresso seguirá independente. Apesar de seu posicionamento, ele afirmou que os parlamentares não colocarão em votação uma pauta-bomba para a economia.
“Não sou governista nem anti-governista. Vou me pautar sempre como presidente do Congresso Nacional, um Poder independente, autônomo, que quer colaborar sempre com o país com o olhar da sociedade”, disse.
“Caminhamos para a independência e hoje ela é incompatível com uma colaboração com o governo. Eu quero colaborar com o país. Vamos continuar fazendo críticas, apontando erros mas, fundamentalmente, colaborando com o país”, completou.
Questionado se estava anunciando uma mudança de posição em relação ao governo, o peemedebista afirmou apenas que tem se pautado “pela isenção e pela independência”.
PAUTA-BOMBA
O presidente do Senado também negou que irá colocar em votação pautas que possam onerar a União, a chamada pauta-bomba.
“Temos muita preocupação com o agravamento da crise econômica e social e vamos continuar colaborando. Não haverá no Congresso Nacional pauta-bomba. É o contrário. Estamos preocupados em desarmar a bomba que está posta aí na economia”, disse.
Renan se reunirá com o ministro Joaquim Levy (Fazenda) em uma almoço nesta terça (4). De acordo com o senador, o ministro solicitou o encontro para que os dois possam “conversar sobre a conjuntura econômica”.
O ministro deve pedir que Renan coloque em votação o projeto de reoneração da folha de pagamento, um dos últimos pontos do ajuste fiscal conduzido pelo governo. No entanto, o senador sinalizou que pode adiar a votação da proposta.
“A única pauta do ajuste fiscal que precisa ser votada é a desoneração da folha. Nós não votamos ainda porque nesse cenário de crise, de recessão, de desemprego, ela agravará o quadro. Ela será danosa para o país. Vamos reunir os líderes e ver o que vamos fazer”, disse.
Outro projeto de interesse da equipe econômica do governo é o que unifica as alíquotas de cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). A intenção do Palácio do Planalto é unificar o imposto em 4% e, para compensar a perda de receita dos Estados, fazer um fundo com repatriação de recursos de brasileiros depositados no exterior. No entanto, não há estimativas concretas sobre quanto a União poderá arrecadar com a medida.
Renan criticou ainda a redução da meta do superávit primário de 1,1% para 0,15% do PIB (Produto Interno Bruto), anunciada pelo governo em 22 de julho. Para ele, a mudança era inevitável mas a forma como o governo reduziu o valor pareceu “precipitada” e “sem planejamento”.