José Dirceu chegou por volta das 17h20 à superintedência da Polícia Federal, em Curitiba, onde permanecerá preso preventivamente. Ele foi transportado, num comboio com dois carros da PF, para o hangar da corporação, no aeroporto da capital. O ex-ministro veste calça, camisa azul clara e terno azul marinho. Manifestantes que aguardavam a chegada de Dirceu carregavam cartazes de protesto e gritavam: “Ladrão”.

 Em despacho assinado no início da noite de segunda, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luis Roberto Barroso, autorizou a transferência de Dirceu para a Superintendência da PF em Curitiba.

 O petista foi preso nesta segunda (3), na casa onde mora, em Brasília, durante a 17ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Pixuleco. Ele foi apontado pelo Ministério Público Federal como um dos responsáveis pela criação do esquema de corrupção na Petrobras. “Chegamos a um dos líderes principais, que instituiu o esquema, permitiu que ele existisse e se beneficiou dele”, disse o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos responsáveis pelas investigações. Os procuradores da Lava Jato apontam Dirceu como responsável pela indicação do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que foi responsável pela negociação de contratos de obras da Petrobras de 2003 a 2012 e é acusado de cobrar propina dos fornecedores da estatal. O procurador Lima afirmou que o esquema de corrupção na Petrobras reproduziu características do mensalão, porque parte do dinheiro abasteceu políticos do PT e de outros partidos governistas. “O DNA é o mesmo: compra de apoio partidário”, disse. Para ele, o esquema foi “sistematizado” no governo Lula.

Questionado se o ex-presidente também seria investigado, Lima disse que “nenhuma pessoa no regime republicano está isenta de ser investigada”.

‘PRISÃO POLÍTICA’ O advogado do ex-ministro José Dirceu, Roberto Podval, afirmou nesta segunda que os pagamentos recebidos pela empresa de seu cliente referem-se todos a serviços prestados. A prisão de Dirceu não tinha “justificativa jurídica”, segundo o defensor, que a classificou como “política”. Disse ainda que Dirceu se tornou um “bode expiatório” da Operação Lava Jato. “A justificativa colocada me parece mais uma justificativa política”, declarou Podval. Questionado, explicou que o juiz federal Sergio Moro reagiu “a uma pressão popular” ao decretar a prisão.