MÁRCIO FALCÃO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Apesar de as investigações do esquema de corrupção da Petrobras terem contaminado a disputa pelo comando do Ministério Público, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, evitou tratar diretamente da Operação Lava Jato em sua última mensagem em busca de votos dos procuradores para continuar no cargo por mais dois anos.
Em uma carta interna enviada aos colegas, Janot usa tom emotivo, recorrendo a uma citação de Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro “O Pequeno Príncipe”, e fazendo referência a seu coração atleticano, além de defender sua gestão à frente do MP.
Ele afirmou ainda que “está pronto para prosseguir” e promete em sua eventual nova gestão “uma instituição mais valorizada, estruturada, transparente”.
Os mais de 1.200 procuradores se reúnem nesta quarta (5) para eleger a lista tríplice que será enviada para a presidente Dilma Rousseff, que então escolherá um nome que será enviado ao Congresso, precisando ainda ser sabatinado e aprovado pelo Senado. Além de Janot, concorrem ao cargo os subprocuradores da República Raquel Dodge, Mário Bonsaglia e Carlos Frederico.
A composição da lista, organizada pela ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), deve ser conhecida no início da noite.
LEGITIMIDADE
Na véspera da votação, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) chegou a se reunir com o presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, e um dos temas tratados foi a formação da lista. A ANPR insiste que apenas os nomes que receberam aval da categoria terão legitimidade para ocupar o cargo.
Ao longo dos 50 dias de campanha, Janot foi alvo de críticas de Carlos Frederico pela condução da Lava Jato, sendo acusado de fazer ações midiáticas e desgastar o MP. Os três adversários prometeram reforçar as ações de combate à corrupção e em especial da Lava Jato.
Segundo o procurador-geral, sob o seu comando, ganhou vida no MP um “movimento incansável” que “fizeram retomar a dignidade e a atratividade da carreira, ações e atitudes que quebraram paradigmas, romperam padrões desgastados, criaram uma forma de diálogo com transparência e profissionalismo muito ansiados, desafiaram os limites que o tempo de inércia parecia tornar insuperáveis”.
Destacando sua origem mineira, Janot se disse renovado e estimulado para seguir honrando a categoria. “Encerro com a advertência, tão perfeita quanto oportuna, de Antoine de Saint-Exupéry: Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. O MPF me cativou como nunca, e vocês serão responsáveis por uma segunda gestão que fará uma Instituição mais valorizada, estruturada, transparente e feliz”, disse.