O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula) chegou por volta das 17h25 à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, base das investigações da Operação Lava Jato, sob forte esquema de segurança. A viatura da PF entrou direto na garagem da sede da corporação, com o ex-ministro no banco de trás.
Cerca de 50 pessoas aguardavam a chegada do ex-ministro em frente à sede da Polícia Federal. Na hora em que ele chegou, alguns manifestantes explodiram fogos de artifício, exibindo bandeiras do Brasil e faixas de protesto. O sonho acabou, diz uma faixa estendida pelos manifestantes que esperam o ex-ministro. Ratos, ladrões do dinheiro público. Limpeza Brasil, diz outra faixa.
Em cartazes, o grupo de pessoas declara apoio ao juiz Sérgio Moro, que conduz todas as ações penais da Lava Jato, e à Polícia Federal. Grande juiz Sérgio Moro, Polícia Federal, nosso apoio e solidariedade na caça aos corruptos.
Dirceu foi preso na segunda-feira, em Brasília. O ministro Luís Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a transferência de Dirceu para Curitiba. A defesa de Dirceu tentou evitar a transferência do ex-ministro alegando ausência de necessidade. Contudo, o pedido foi rejeitado por Barroso. Dirceu deve passar pelo exame de corpo de delito hoje. Ainda não há data para depoimento dele.
O ex-ministro foi preso acusado pela força-tarefa da Lava Jato de ter iniciado e organizado o esquema de superfaturamento em contratos da Petrobras investigado pela operação. Segundo os investigadores, Dirceu, na época em que era ministro da Casa Civil no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nomeou Renato Duque para Diretoria de Serviços da Petrobras, onde foi iniciado o esquema. De acordo com a Polícia Federal, a empresa JD consultoria, de José Dirceu, não comprovou a prestação de serviços para empresas que mantém contratos com a Petrobras, apesar da apresentação de notas fiscais.

PT faz defesa
Em um tom protocolar, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, fez uma defesa genérica do ex-ministro José Dirceu, preso na 17ª fase da Operação Lava Lato. Falando em apoio ao combate implacável à corrupção, mas sem o que chamou de espetáculo midiático, Falcão disse que ele defende que o ônus da prova é de quem acusa e que cabe ao companheiro Zé Dirceu fazer o contraditório.
Pra mim, qualquer pessoa que seja acusada é inocente até que provem o contrário, declarou. Dirceu e todos os acusados são inocentes, não são réus, até que se prove o contrário, emendou. O dirigente manifestou preocupação com que o cenário leve à criação de um ambiente embrião do Estado de exceção.