O Instituto Abramundo, braço social da Abramundo, empresa que tem como missão disseminar as ciências e propagar a cultura científica por meio de exposições, pesquisas e projetos socioeducacionais, anuncia os resultados de sua primeira pesquisa sobre letramento científico no país. A pesquisa indica que três a cada quatro pessoas (76%) entre 15 e 40 anos residentes no DF e nas 9 regiões metropolitanas do país, inclusive a Grande Curitiba, e com pelo menos 4 anos de escolaridade declararam não ter dificuldade para compreender as contraindicações de um remédio, lendo a bula. Porém, se o tema é interpretar (ou explicar) com facilidade os resultados de um exame de sangue a partir dos valores de referência, essa proporção cai para 65% entre os indivíduos com Letramento Científico Proficiente, chegando a 33% no grupo de cientificamente iletrados.

 
 
O Indicador de Letramento Científico Abramundo (ILC) é uma iniciativa inédita do Instituto Abramundo, em parceira com o Instituto Paulo Montenegro, responsável pela ação social do Grupo IBOPE, e a ONG Ação Educativa, a partir da experiência de mais de 10 anos destas duas organizações na realização do Inaf – Indicador de Alfabetismo Funcional.  A realização do trabalho de campo, bem como da correção dos testes e do processamento dos dados, ficou sob a responsabilidade do IBOPE Inteligência, também responsável pela realização do Inaf.
 
Para produzir resultados confiáveis e dar a eles visibilidade pública, optou-se por utilizar a mesma metodologia do Inaf – Indicador de Alfabetismo Funcional – para criar um indicador que permitisse aferir e acompanhar no tempo os níveis de alfabetismo científico no Brasil. 

Para esta primeira edição, foi selecionada uma amostra de 2.002 casos, representativa da população de 15 a 40 anos, residentes no Distrito Federal e em 9 regiões metropolitanas brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Salvador, Curitiba e Belém) e que tenham completado quatro anos de estudo. Com base no recorte geográfico e populacional da amostra, os resultados são representativos de cerca de 23 milhões de pessoas entre 15 a 40 anos que completaram os quatro primeiros anos do ensino fundamental (antigo primário) e que residem em 92 municípios das 9 regiões metropolitanas brasileiras.

Diferentemente das avaliações escolares, como o Pisa ou o ENEM, este indicador optou pelo foco na utilização de referências do mundo científico no cotidiano e na vida produtiva dos brasileiros que, enquanto cidadãos, trabalhadores, consumidores, eleitores, pais de família etc., representam o presente e o imediato futuro do país.

Em uma primeira análise, a pesquisa demonstrou que a grande maioria (79%) das pessoas entre 15 e 40 anos, com mais de 4 anos de estudo e residentes no DF e nas 9 regiões metropolitanas do país, pode ser classificada nos níveis intermediários da escala, sendo que 48% desta população se encontra no Nível 2 (Letramento Científico Rudimentar) e 31% se enquadram no Nível 3 (Letramento Científico Básico).
 
Apenas 5 a cada 100 pessoas foram classificadas no Nível 4 (Letramento Científico Proficiente) e 16% da população pesquisada se encontra no Nível 1 (Letramento Não-científico).
 
Dentre os indivíduos que chegam ao ensino superior, 48% atingem o Nível 3 ( Letramento Científico Básico) e 11% podem ser considerados proficientes, ou seja, estão no Nível 4. Nesse g​rupo de mais alta escolaridade, há uma parcela significativa, 37%, no Nível 2 (Letramento Científico Rudimentar) e 4% que podem ser considerados iletrados do ponto de vista científico (Nível 1). Confira a tabela:
Mais da metade (52%) daqueles que cursaram ou estão cursando o ensino médio encontram-se no nível de Letramento Científico Rudimentar, enquanto a proporção de pessoas com Letramento Científico Básico é de 29% e apenas 4% atingem o nível de Letramento Científico Proficiente. Quase 1 em cada 6 pessoas deste grupo (14%)permanece no nível de Letramento Não-científico, mesmo após pelo menos 9 anos de estudo. Também entre aqueles que completaram no máximo o ensino fundamental prevalece o nível de Letramento Científico Rudimentar (50%) e a proporção de pessoas no nível de Letramento Científico Ausente chega a 29%. A proporção de letrados básicos e proficientes nesse grupo é de 20% e 1%, respectivamente.