Quando Hove e Strauss cunharam, na virada do século, o termo millennials[1], estavam pensando no jovem que chegava naquele momento ao mercado de trabalho, utilizando ferramentas tecnológicas para se comunicar, trabalhar e se mobilizar; que talvez não fosse tão idealista quanto os jovens das gerações anteriores, mas que certamente lutaria por reconhecimento e por boas condições de trabalho. Eis aí o indivíduo que hoje, 11 de agosto, celebra o Dia do Estudante.
O aluno moderno é um indivíduo que cresceu em um mundo sem fronteiras. A internet quebrou o paradigma das barreiras físicas e políticas ao permitir a troca de informações sem limites, em tempo real, entre cidadãos de diferentes países e culturas. São poucos os lugares, mesmo em locais controlados por regimes autoritários, onde as pessoas não conseguem ter acesso à rede.
Essa quebra no paradigma das fronteiras permitiu que informações, antes de acesso dificultado ou restrito, estivessem, em pouco tempo, disponíveis para todos. Qualquer pergunta pode ser respondida em uma simples consulta ao Google – tudo está disponível na grande rede mundial.
A escola, atenta a esse movimento, trouxe a internet para dentro das suas instalações e criou o laboratório de informática. Mas a rede é grande demais, importante demais para ficar restrita a uma sala cercada por quatro paredes, e, logo, surgiu a rede 3G e, com ela, os smartphones, que venderam mais de 5 milhões de unidades no Brasil em 2010, um crescimento de mais de 275% em relação ao ano anterior[2].
Os millennials, atentos à tecnologia e acostumados a resolver seus questionamentos via internet, trouxeram o smartphone para a sala de aula. Dúvidas sobre uma questão de Física? Fácil: é só dar uma twittada – um colega, que pode estar em qualquer lugar do mundo, o auxiliará na resolução. E isso de forma imediata, sem barreiras: é o trabalho em conjunto, tão incentivado no mercado profissional, em sua forma mais contundente.
Toda essa informação, no entanto, vem permeada por muitos problemas de qualidade. Não é raro, nas escolas, o recebimento de trabalhos com conceitos equivocados, informações inverídicas ou sem fundamentos, o que é extremamente prejudicial ao estudante, que internaliza conteúdos sem a devida qualidade. A escola e seus professores precisam então estar atentos a esse movimento, não se furtando do seu papel de formar cidadãos preparados para os desafios do mundo.
O estudante contemporâneo pode até superar seus mestres no domínio da tecnologia, mas têm muito a aprender sobre o bom uso delas. Eles precisam ser ensinados que, embora as redes sociais tenham seu caráter colaborativo na resolução de problemas e que a internet seja essencial para o estudo, assim como o é para o trabalho, o uso correto e ético de qualquer recurso, do velho caderno ao tablet, assim como a verificação da validade das informações, continuam sendo essenciais.
O professor deve manter-se firme em seu importantíssimo papel na formação de crianças e adolescentes, mediando a busca pelo conhecimento e oferecendo as ferramentas e o ambiente adequado para o aprendizado. A parceria entre professor e aluno, nos próximos anos, tende a se acirrar, em um ambiente escolar onde o mestre será aquele que mostra o como fazer, a trilha correta a seguir, enquanto o estudante navega por um mundo sem barreiras, com informações amplamente disponíveis e, cada vez mais, de fácil acesso.
Então, neste Dia do Estudante, nada de saudosismos. Vamos celebrar esse novo aluno inovador, renovando-nos como professores e auxiliando-os a aproveitar as possibilidades quase que ilimitadas de acesso à informação. Que eles possam fazer pela sociedade tudo o que nós não conseguimos.

Celso Maurício Hartmann é graduado em Informática, licenciado em Matemática, pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior e mestre em Inteligência Artificial. Atualmente, ocupa o cargo de diretor do Colégio Positivo