Exatamente na metade do ano passado, eu viajava para Macaé trabalhar no jogo do Atlético PR X Flamengo, pela Rede Massa. O técnico do time carioca era Ney Franco. O Atlético venceu aquele jogo e o técnico do Flamengo caiu, depois de 7 jogos, com 3 empates e 4 derrotas. Só no Brasil um técnico de um time profissional trabalha sete jogos e já é demitido.

O técnico anterior também não conseguiu realizar um bom trabalho. E era Jayme de Almeida, campeão da Copa do Brasil 2013. Se o Jayme teve 49 jogos, Ney teve 7. Imagina chegar no Rio de Janeiro, se instalar, conhecer todos, começar a trabalhar. No segundo jogo e você já sabe o que poderá mudar ou não dentro do elenco que veio de um trabalho fracassado. Na quarta partida você senta com a gerência de futebol e pede a contratação de dois ou três reforços. A diretoria diz não e você precisa dar resultados. Quando chega a quinta partida você diz: Ok, vou com o que dá pra fazer. Sobe jogador da base, dá confiança para o atacante que não faz gol há 30 dias, faz palestra, muda esquema, motiva e quando os jogadores estão pegando o jeito, você é dispensado.
Agora, estou fazendo as malas para ir a mais um Flamengo x Atlético PR. Espero que eu leve a mesma sorte. Naquele jogo o Maracanã estava fechado por causa da Copa do Mundo e até o fechamento desta coluna, mais de 5 mil ingressos já tinham sido vendidos para a torcida do Mengão. O Atlético tem boas lembranças fora de casa nas vitórias dos últimos três: Palmeiras, Avaí e Chapecoense.

Ney Franco no Coritiba. Marcelo Oliveira no Palmeiras. Foi Ney quem indicou Marcelo para ser técnico quando saiu do Coxa para trabalhar nas categorias de base da seleção brasileira em 2011. Sei da amizade dos dois e sei da seriedade em se enfrentar profissionalmente. Lembro um papo com Ney Franco, quando ele elogiou a transformação do Coritiba em 2009 depois de cair para a segunda divisão. Vilson Ribeiro de Andrade assumiu e segurou um super rojão, fez o Coritiba ser respeitado, Ney Franco recolocou o time na primeira divisão, recusou na minha frente um convite do Cruzeiro, depois indicou Marcelo Oliveira para o seu lugar antes de ir pra seleção. O Coritiba foi a duas finais de Copa do Brasil, Marcelo foi o décimo quarto melhor técnico do mundo e a mania que o dirigente tem de não dar tempo, jogadores ao clube e colocar a bomba sempre nas mãos do treinador, Marcelo foi dispensado depois de alguns resultados negativos. No Vasco, ficou poucos 10 jogos e depois no Cruzeiro, Bi-Campeão Brasileiro. Ney Franco já descolou com o técnico Tcheco o Evandro, colocando o menino do time Sub-23 para ele entrar em campo e fazer gols.

Pressionado, talvez não seja possível Ney continuar a fazer um trabalho de reorganização do elenco fraco que o Coritiba tem hoje. Além de meia dúzia de excelentes jogadores, que podem fazer o Coxa reagir, a figura do Ney Franco no comando do time seria uma certeza de um trabalho sério a médio prazo e uma vitória contra o Palmeiras pode dar continuidade. Mas, a derrota poderá levar a dispensa do técnico e a derrota de um elenco, que para escapar da segunda divisão terá que contar muito mais com a sorte, do que com algum profissional que saia de uma cartola surrada e vazia da diretoria perdida, que vai fazer somente o que todos os dirigentes médios e mais normais do futebol brasileiro sabem fazer: Dispensar o técnico e chamar outro técnico que faça mágica.

Mauro Mueller é apresentador do Show de Bola da Rede Massa, radialista e ator