Apesar do acidente vascular cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame cerebral, ser uma doença tradicionalmente associada a pessoas mais idosas, um novo estudo publicado na revista The Lancet revelou que o AVC está afetando cada vez mais pessoas jovens e de meia-idade. Dados do Ministério da Saúde mostram que 62 mil pessoas abaixo dos 45 anos morreram no Brasil entre os anos 2000 e 2010.

No entanto, o cenário é ainda pior: jovens, adolescentes e até crianças passaram a entrar na lista. Estatísticas mostram que, em 2012, quatro mil pessoas entre 15 e 34 anos foram internadas por causa do problema no país. As justificativas para o quadro vão desde hábitos pouco saudáveis até os métodos atuais de diagnósticos mais precisos, o que contribuiria para o aumento dos números. Os jovens estão expostos mais precocemente a fatores de risco como sedentarismo, pressão arterial elevada, diabetes, colesterol alto e obesidade, explica o neurologista do HCor Neuro, Dr. Robson Fantinato.
Para o médico, o índice de AVC em jovens está crescendo por causa do aumento da aterosclerose (doença crônica caracterizada pela formação de placas de gorduras na parede dos vasos sanguíneos). O tratamento preventivo engloba o controle de vários fatores de risco, além da necessidade de não fumar, ter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos, alerta.
Os sintomas do AVC em jovens não diferem muito de outras faixas etárias. Os mais frequentes são a diminuição ou a perda súbita da força na face, braço ou perna de um lado do corpo; alteração súbita da sensibilidade, com sensação de formigamento na face, braço ou perna de um lado do corpo; alteração aguda da fala, incluindo dificuldade para articular e para entender; dor de cabeça súbita e intensa sem causa aparente.
O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem, como a tomografia e a ressonância magnética, que permitem identificar a área do cérebro afetada e o tipo do derrame cerebral, que podem ser de dois principais tipos: isquêmico (85% dos casos), quando há parada do sangue que chega ao cérebro, provocado pela obstrução dos vasos sanguíneos e o hemorrágico, caracterizado por sangramento dentro do tecido cerebral.
O tratamento de um paciente com a doença, seja ele adulto ou jovem, vai depender do tipo de AVC. Nos casos de isquemia cerebral, há a possibilidade de utilizar medicações que podem desobstruir os vasos sanguíneos.
Além de medicações, tanto nos casos de isquemia quanto de hemorragia, devemos avaliar a necessidade de intervenção cirúrgica. A agilida.+de no atendimento do AVC é essencial. Quanto mais rápido for diagnosticado e tratado, menor é a sua extensão e consequentemente menores são as sequelas do paciente, esclarece Dr. Fantinato.
Tão importante quanto o tratamento são os cuidados pós-AVC. A reabilitação motora deve ter início precoce e ser conduzida por uma equipe multidisciplinar. Os pacientes podem apresentar boa resposta à reabilitação quando esta é realizada de forma precoce e eficaz. Diminuindo as sequelas e deformidades.
O acidente vascular cerebral em jovens é preocupante porque decorre de alterações cardíacas, doenças hematológicas, dissecção de artérias do pescoço e, cada vez mais, do estilo de vida adotado, como o hábito alimentar irregular, o tabagismo e o consumo de drogas, enfatiza o neurologista do HCor.