O Interior ganhou espaço no consumo do Paraná nos últimos cinco anos. A geração de riqueza e emprego e melhorias de infraestrutura, impulsionados, principalmente, pelo novo ciclo de investimentos no Estado, fizeram os municípios fora da Região Metropolitana de Curitiba ganharem força. Em 2010, eles tinham uma participação de 58,7% do consumo total no Estado. Nesse ano, esse peso deve chegar a 64,8%. Dos R$ 239 bilhões que os paranaenses vão consumir em bens e serviços em 2015, R$ 154,8 bilhões serão movimentados em cidades do Interior.

Os dados são da pesquisa IPC Maps, realizada pela IPC Marketing Editora, consultoria paulista especializada em consumo. Essa é a primeira mudança significativa no mapa de consumo do Paraná nos últimos dez anos. Entre 2005 e 2010, a participação do Interior ficou estagnada em 58,7%.

“Acredito que esta pesquisa reflete de forma fidedigna o esforço de toda a nossa gestão pela interiorização e a desconcentração do desenvolvimento econômico, antes muito centralizado na região de Curitiba”, afirmou o governador Beto Richa. “A instalação de indústrias em todas as regiões do Estado e a ampliação da infraestrutura de transporte e logística contribuíram para que pequenos e médios municípios, antes estagnados, criassem suas próprias oportunidades de dinamizar o desenvolvimento regional”, acrescentou Richa. A seu ver, há um movimento inequívoco de redução dos desequilíbrios regionais, também favorecido pelo investimento na infraestrutura social.

Para Julio Suzuki Júnior, diretor presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes), os dados demonstram que o Paraná está, de fato, conseguindo desconcentrar a sua economia, reduzindo a desigualdade regional e, com isso, a pobreza no Interior, principalmente no meio rural. Esse movimento é puxado pela forte geração de emprego, que propicia renda para que as famílias possam aumentar seu consumo, diz.

MAIOR DO SUL – Dos Estados do Sul, o Paraná foi, proporcionalmente, o que teve maior avanço do seu Interior na pesquisa IPC Maps. Segundo o levantamento, em Santa Catarina o consumo no Interior passou de 78,3% para 79,9% entre 2010 e 2015 . No Rio Grande do Sul, a variação foi de 60,6% para 66,2% no mesmo período. O Paraná ocupa o quinto lugar entre os Estados, com 7% de participação no total de consumo do Brasil, estimado em R$ 3,37 trilhões em 2015.

PARANÁ COMPETITIVO – Boa parte do dinamismo do Interior foi estimulado pela combinação de investimentos e geração de empregos. Desde 2011, o Estado contabiliza R$ 40,3 bilhões em investimentos em curso ou já realizados por meio do programa de incentivos Paraná Competitivo – entre projetos da iniciativa privada e investimentos de estatais (Copel, Sanepar e Compagas) em infraestrutura para viabilizar os empreendimentos privados.

Os investimentos devem gerar 99 mil empregos diretos, volume que pode chegar a 435, 7 mil, se considerados os indiretos e o efeito renda, segundo estimativa do Ipardes.

No Interior, além das novas indústrias, as cooperativas agroindustriais continuam a ser um dos principais motores de desenvolvimento. Com atuação principalmente nas áreas de grãos, carne e leite, elas representam 56% do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária estadual.

Nos últimos quatro anos, as cooperativas investiram R$ 8,4 bilhões – principalmente na industrialização da produção agrícola e na infraestrutura de armazenagem. São projetos que geraram 15 mil novos empregos no período, de acordo com dados do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Segundo a entidade, a cada R$ 1 milhão investido são gerados 60 empregos.

O Interior atraiu investimento nos últimos anos porque em geral apresenta melhores condições de vida, com índices menores de criminalidade e de custo de vida. O crescimento da classe média também contribui para o avanço do consumo, diz Marcos Pazzini, responsável pela pesquisa IPC Maps.

DISTRIBUIÇÃO DE GASTOS – O cálculo do IPC Maps toma como base dados coletados junto ao IBGE, Fundação Getúlio Vargas (FGV) e indicadores dos Estados. De acordo com Pazzini, o indicador de 2015 já considera o atual cenário de retração econômica do país.

O IPC Maps inclui gastos com alimentação dentro e fora do domicílio, manutenção do lar, medicamentos e planos de saúde, educação, recreação, transporte e viagens e outras despesas, como aquisições de imóveis. Considera ainda as compras de vestuário, calçados, itens de higiene e cuidados pessoais, artigos de limpeza, eletrodomésticos e equipamentos.

Dos gastos das famílias paranaenses, as maiores parcelas são destinadas à manutenção do lar (alugueis, condomínio, energia, telefonia e televisão por assinatura), com R$ 55,6 bilhões. Em segundo lugar vêm despesas como aquisição de imóveis, reformas, empréstimos, empregados domésticos, cabeleireiros e lavanderias, com R$ 44,8 milhões. Alimentação no domicílio fica em terceiro lugar, com R$ 23,9 milhões.