Eu estava em uma loja de produtos esportivos quando uma família pediu uma selfie. Então parei, me coloquei em frente ao celular e tiramos a foto. Enquanto isso, o menino de 11 anos, me perguntava sobre as possibilidades do Paraná Clube se manter na Série B. Um menino de 11 anos, quando vê o Paraná Clube assim, numa campanha que novamente sufoca a sua torcida para manter o time na Série B do Campeonato Brasileiro, pode não entender se alguém contasse que este clube foi grande. Um clube que se arrasta em dívidas, que perde patrimônio e perde o status de grande clube do futebol brasileiro.

A primeira vez que eu trabalhei no gramado de um estádio de futebol foi numa decisão de Campeonato Paranaense, em 1995. A Minha função era fazer flashes ao vivo entre as músicas da programação da Jovem Pan FM, rádio que eu trabalhava, passando informações sobre o jogo contra o Coritiba. Havia 30 mil pessoas no Pinheirão para a segunda partida da decisão e o Paraná foi o Campeão Paranaense, num belo jogo em que oportunidades dos dois lados, até que o Denílson fez o gol do título, aos 40 minutos do segundo tempo. Aquele era o terceiro título seguido do clube. Entre 93 e 97 só deu Paraná em estaduais.

Minha vida profissional cruzou mais uma vez com o Paraná Clube. Eu, que vinha da escola do rock e do voleibol, nem acompanhava jogos e assistia a zoeira de torcidas na minha casa, entre os meus irmãos, meu pai e os primos com as vitórias e derrotas, tive a missão de montar um projeto de esportes na Rádio Transamérica de Curitiba em 2001. Dia 23 de julho foi o primeiro programa de esportes que apresentei, junto com o Alexandre Zraik. Ele fazia o comando da bola e eu me encarregava das questões artísticas, comandava a participação do ouvinte, o humor e coordenava o projeto, que era inovador para aquele período do rádio. O Ale dizia que eu cuidava da cara da rádio e ele cuidava do futebol. E assim fizemos muito sucesso no rádio juntos.

A minha primeira transmissão de uma partida em rádio foi justamente num jogo do Paraná Clube, na Vila Capanema, quando o Paraná Clube de Marcos, Hélcio, Lúcio Flávio, Ageu, Fernando Miguel e outros bons jogadores, enfrentaram e venceram a equipe do Cruzeiro, que tinha Edmundo, o zagueiro Luizão, Rincón, num timaço montado para ser campeão, que deu vexame naquele ano e a derrota mineira foi num gol de Lúcio Flávio. Assim eu fiz minha estréia em transmissões esportivas. E no ano em que comecei minha vida na crônica esportiva o Atlético Paranaense foi o Campeão Brasileiro. Foi uma bela estréia. Antes de cair, o Paraná ainda jogou uma Libertadores em 2007, caiu para a segundona e nunca mais voltou. Isto faz 8 anos.

E este filme veio inteiro na minha mente quando aquele menino me perguntou sobre as chances do Paraná Clube na Série B do Campeonato Brasileiro. Um clube montado de uma fusão para ser grande, um clube que se desmancha como água em um guardanapo de papel, um clube que já foi rico, que se afunda em uma crise financeira que parece não ter fim e que precisa de adeptos apaixonados, que se dediquem a reerguer o clube, para que ele volte a ser um dos grandes do futebol brasileiro. Porque este menino de 11 anos era muito bebezinho quando seu time ainda jogava a primeira divisão. Mas, com 11 anos ele viu um tal Carlão chegar, vestir a camisa pela primeira vez e fazer três gols num só jogo. E quando isso acontece, a história esquece as desilusões e faz brilhar de novo a esperança nos olhos de quem tem 11, 12, 13, 33, 44, 54…

Mauro Mueller é apresentador do Show de Bola da Rede Massa, radialista e ator