FLÁVIA FOREQUE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em rápida passagem pelo Brasil, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, afirmou nesta quinta-feira (27) ver com “preocupação” o atrito entre Venezuela e Colômbia.
Os dois países enfrentam uma crise diplomática desde que o governo de Nicolás Maduro decidiu fechar a passagem de postos de fronteira com a Colômbia, na semana passada. Mais de mil colombianos foram expulsos pelas autoridades de Caracas e cerca de 5.000 deixaram a Venezuela por conta própria desde sexta (21).
Porém, a exemplo do colega brasileiro Mauro Vieira, demonstrou cautela sobre eventual mediação do conflito. “Observamos com preocupação a situação entre ambos os países e como disse o chanceler, estamos à disposição de ambos.”
“Nossa tradição, como também é a do Brasil, é a da não intromissão em assuntos internos de outros países. Se podem solucionar [o impasse] de forma pacífica, aceitamos essa posição como algo irrefutável”, emendou Timerman.
O chanceler brasileiro adotou tom semelhante: “o Brasil está sempre pronto e disposto a cooperar em qualquer circunstância, sempre e quando seja do interesse das partes envolvidas”, disse Mauro Vieira.
Ambos negaram situação de instabilidade na região. “A região vive uma normalidade institucional, sem nenhuma sombra de dúvida, além do fato de que possa haver movimentos internos de contestação, mas não há nenhuma ameaça”, disse Vieira.
Para Héctor Timerman, alguns setores da “direita latino-americana” tentam por meio de um “golpe brando” desestabilizar os países, mas sem sucesso.
“[Isso acontece] através de campanhas midiáticas, de distintas formas de utilização que não são os tradicionais golpes, mas que são uma forma de ir criando uma situação que não reflete a realidade”, afirmou.
MERCOSUL-UE
A reunião dos ministros em Brasília tratou ainda do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia -a entrega de propostas deve ocorrer no último trimestre deste ano.
O ministro Mauro Vieira reforçou que o bloco terá uma posição “totalmente afinada e acordada” nas negociações.
“As nossas posições são sempre muito convergentes, a despeito de algumas questões que podem circunstancialmente gerar dificuldades”, ponderou o ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio).
O chanceler argentino reconheceu que cada país tem “interesses particulares”, mas defendeu o consenso para se chegar a uma proposta com benefícios para todos.
“Não podemos ceder nesse sentido. Um acordo comercial com qualquer região do mundo deve servir para o desenvolvimento dos nossos países, especialmente para a criação de emprego”, completou Timerman.