BRUNO VILLAS BÔAS E GUSTAVO PATU, ENVIADO ESPECIAL RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O PIB (Produto Interno Bruto), medida da produção de bens e serviços do país, confirmou nesta sexta-feira (28) o que famílias e empreendedores já perceberam em seu dia a dia: a economia brasileira está em recessão. O PIB teve queda 1,9% no segundo trimestre, frente aos três primeiros meses do ano, para R$ 1,428 trilhão. Trata-se da segunda queda consecutiva do indicador, que recuou 0,7% no primeiro trimestre frente aos três meses anteriores -inicialmente, havia sido apontada uma queda bem menor, de 0,2%, mas o dado foi revisado. No acumulado do ano, a queda é de 2,1% frente ao mesmo período do ano passado. A previsão da agência internacional Bloomberg era de retração de 1,7% no PIB do trimestre comparado com o trimestre anterior. A retração foi não apenas mais intensa, como também disseminada. Do lado da demanda, os investimentos encolheram 8,1%, assim como o consumo das famílias (-2,1%) frente ao trimestre anterior. Já o consumo do governo surpreendeu com alta de 0,7%. Do lado da oferta, indústria teve queda de 4,3% e serviços, de 0,7%. A economia teve assim o pior segundo trimestre do PIB desde 1996, quando teve início a série histórica do IBGE. E, considerando todos os trimestres, foi o pior resultado da economia brasileira desde o primeiro trimestre de 2009, quando o PIB brasileiro recuou 2,2%. O cenário hostil é fruto dos desequilíbrios do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, como expansão de gastos públicos que, além de pressionar a inflação, exigiu uma mudança brusca de rota na política econômica, minando a confiança de empresários e consumidores. RECESSÃO Com o resultado divulgado pelo IBGE, a economia do país se enquadra na chamada “recessão técnica”, uma definição usada há década para definir duas quedas consecutivas do PIB. Economistas dizem, no entanto, que o Brasil vive uma recessão de fato. Em outras palavras, houve empobrecimento geral no país: os empresários cortaram investimentos e as famílias estão consumindo ainda menos, efeito da piora do mercado de trabalho e redução da renda real. De quebra, o desgaste política do governo aumenta. Um dado eloquente é que, na comparação com o mesmo período de 2014, a queda do PIB foi de 2,6% -a quinta taxa negativa consecutiva nesta comparação, a mais longa sequência da série histórica e bem abaixo da previsão de economistas consultados pela Bloomberg, de -2,1.%. No acumulado de quatro trimestres, o PIB cai 1,2%. Para o Comitê de Ciclos Econômicos da FGV (Fundação Getulio Vargas), a recessão da economia brasileira se estende desde o segundo trimestre do ano passado, um dos ciclos mais longos da história recente. “Recessão é, pela teoria econômica, período de retração generalizada da atividade econômica. E isso está acontecendo na economia brasileira desde o segundo trimestre de 2014”, disse o Paulo Picchetti, pesquisador do Ibre/FGV.