A Rede de Mulheres Negras, com o apoio da Secretaria de Estado da Saúde, reúne neste final de semana cerca de 200 ativistas com o objetivo de aprofundar as discussões em torno dos temas racismo, lesbianidade e bissexualidade e abordar dificuldades no cotidiano dessas mulheres. A abertura do II Seminário Nacional de Lésbicas Negras e Bissexuais aconteceu nesta sexta-feira (28), em Curitiba.

A superintendente de Vigilância em Saúde, Eliane Chomatas, participou da mesa de abertura e explicou a importância da participação da Secretaria no evento. É necessário estarmos incluídos em ações como esta, pois o racismo, a lesbofobia e a bifobia muitas vezes impedem essas mulheres de usufruírem de saúde física, mental e emocional, comenta Eliane.

As pessoas insistem em negar a existência do racismo. Mas ele existe e aqui é nossa maior pauta. Eventos como este devem acontecer para que a sociedade saiba que a gente existe e para que possamos nos enxergar como cidadãs, explica a coordenadora política do evento, Heliana Hemeterio.

O seminário aborda temáticas como direitos humanos, comunicação, mulheres privadas de liberdade, envelhecimento, extermínio da juventude negra, acesso a políticas públicas, trabalho e saúde. Heliana conta que essas ações servem para colaborar com mudanças sociais e estimular a inclusão de pautas sobre o tema em instâncias governamentais e outras mídias.

O evento também incita a discussão sobre a situação das mulheres lésbicas e bissexuais negras que sentem dificuldade em se assumir devido à discriminação gerada pelo machismo, sexismo e racismo. Além disso, o encontro possibilita a troca de informações e experiências entre as organizações sociais relacionadas ao tema.

Mulheres vindas de diversos estados, como Maranhão, Goiás, Amazonas e Rio Grande do Sul, participam do encontro, que vai até domingo (30) com oficinas das 8h às 18h45, no Hotel Estação Express, no Centro de Curitiba.

HISTÓRIA – A discriminação presente nas relações humanas nega direitos a determinados segmentos. Apesar de pesquisas demonstrarem que as negras aumentaram sua participação no acesso a universidades e no mercado de trabalho, ainda está muito abaixo do esperado. Entre essas mulheres estão as lésbicas e bissexuais, que além do racismo convivem com a lesbofobia e a bifobia.

O primeiro Seminário Nacional de Lésbicas Negras aconteceu em 2006, em São Paulo. Durante o VIII Seminário Nacional de Lésbicas, realizado em 2014, 62% de lésbicas e bissexuais participantes se autodeclararam negras. A mobilização dessas ativistas fez com que surgisse a necessidade de dar continuidade a um evento específico para esse público, já que o combate ao racismo era inviabilizado no movimento exclusivamente voltado às lésbicas.