A avenida Paulista recebeu uma boa dose de música e dança, na manhã deste domingo (30). Alunos da escola “Só Dança” fizeram uma apresentação de sapateado, ao som de “Homenagem ao Malandro”, de Chico Buarque, por volta das 10h30, em uma faixa de pedestres ao lado da Praça do Ciclista. A professora de dança Christiane Matallo, 43, precisou treinar a turma -composta de adultos, adolescentes e crianças- ao longo de quatro meses para o evento. “O objetivo é trazer um pouco de arte para a rua, popularizar a arte do sapateado”, disse. Membros do coral da Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo) também participaram da apresentação.

A CET bloqueou brevemente o trecho para a passagem de carros. O evento faz parte da Virada Sustentável e foi seguido de uma “super-pedalada”, programada para dar uma volta completa de bicicleta na avenida. Segundo André Palhano, um dos organizadores da Virada Sustentável, o objetivo era bloquear a Paulista, mas não havia ciclistas suficientes no local para tal. Um evento chegou a ser marcado em uma rede social convocando pessoas a fechar a avenida.

“Sou muito a favor da abertura da Paulista para ciclistas aos domingos. Não só eu como a maioria das organizações que participam da Virada Sustentável”, afirmou. Durante a pedalada, membros de ONGs faziam uma pesquisa com comerciantes da Paulista. “A baixa do faturamento é um dos principais argumentos contra a abertura da Paulista para os ciclistas, então estamos perguntando aos comerciantes o que acham disso. Até agora só falei com uma pessoa, que disse que é a favor e que essa abertura até ajuda a aumentar as vendas”, afirmou Guilherme Coelho, coordenador de mobilização da ONG Minha Sampa.

POLÊMICA Apesar de ter recebido aval de equipe técnica da prefeitura, o prefeito Fernando Haddad encontra oposição do Ministério Público e da Associação Paulista Viva, em sua intenção de fechar a avenida Paulista aos domingos. Um inquérito sobre o bloqueio da avenida foi aberto pelo promotor Mário Malaquias.

No entendimento do promotor, um acordo firmado com a prefeitura em 2007 limita a três por ano o número de eventos de duração prolongada que bloqueiam a via. Caso entenda que a administração descumpriu o acordo, a Promotoria poderá pedir à Justiça que a prefeitura seja multada em R$ 30 mil a cada vez que a Paulista fechar.

A prefeitura argumenta que o fechamento da Paulista não é um evento, mas uma medida voltada a ampliar espaço de lazer Já a Associação Paulista Viva, espécie de porta-voz de moradores e comerciantes da avenida, entende que fechamento é ação de “marketing” prefeitura e traz prejuízo a jornaleiros, taxistas, hotéis, estacionamentos e restaurantes. Para a entidade, a cidade tem outras opções de lazer, como praças, parques e o centro velho. Entre os quatro shoppings da região da avenida, apenas o Pátio Paulista se posicionou publicamente sobre o tema, informando ter “preocupação” com o acesso de carros no “segundo melhor dia de movimento”. Já a maioria dos hospitais afirma que não há problema no bloqueio aos domingos.